
Mesmo que falar seja parte de uma estratégia para angariar simpatia e, digamos, amolecer a opinião pública, é preciso salientar o mérito jornalístico da entrevista de Ronaldinho no Paraguai. O mundo queria ouvi-lo, e o ABC Color conseguiu.
É um jornal sério. Já estive em sua redação. Pela primeira vez, de própria voz, o craque gaúcho disse que entrou no país para cumprir dois eventos negociados pelo irmão: o lançamento de um cassino online e do livro de sua carreira.
Declarou inocência sobre os passaportes falsos, claro. Teriam sido pegos, Assis e ele, de surpresa, sem saber que os documentos eram ilegítimos. Tudo um tanto óbvio, eu sei, mas é Ronaldinho, duas vezes eleito pela Fifa o melhor do mundo. É ele falando, e não tradutores ou representantes.
Lentidão
Com ou sem intenção, o fato é que Ronaldinho e Assis portavam documentos forjados. Isso é crime em qualquer lugar. Talvez Ronaldinho não soubesse de nada, mas o objeto da confusão, que é a identificação adulterada, estava com eles. Normal, portanto, a polícia local querer puxar o fio da meada.
Mas é preciso ver o outro lado. Entre prisão preventiva e domiciliar, Ronaldinho caminha para dois meses de reclusão. Daqui a pouco vai parecer condenação prévia. A sentença não pode vir antes do resultado da investigação. Nada de mais comprometedor foi encontrado na perícia dos celulares, no sentido de organização criminosa ou algo do gênero.
Tanto que veio depois da varredura a permissão para eles saíram do cárcere militar, com o benefício da prisão domiciliar, em um hotel. E se, de fato, eles forem inocentes? Como reparar o prejuízo? A Justiça paraguaia tem de esclarecer tudo de uma vez por todas em relação aos irmãos Moreira.
Está lenta demais.