Desta vez, ao contrário de todas as outras ao longo de décadas de jeitinho e de governantes usando dinheiro público para ganhar simpatias no embalo do futebol e suas torcidas de massa, faz sentido. É justo os clubes pleitearem junto ao governo federal o congelamento dos pagamentos do Profut. Sem futebol, como exigir receitas, se todas dependem de bola rolando.
Fico imaginando se nós, do Grupo RBS, fôssemos impedidos, por força maior, a produzir conteúdo jornalístico e emitir opinião sobre fatos. Grêmio e Inter, só por não jogarem as três partidas como mandantes da fase de grupos da Libertadores, deixarão de receber algo em torno de R$ 15 milhões. Já pagaria um mês de folha salarial. Talvez até sobrasse.
E os prêmios por fase da Copa do Brasil? E as bilheterias dos jogos? O Grêmio não põe a mão nesse valor, mas como fará a Arena Porto-Alegrense para honrar as parcelas do BNDES? Vale o mesmo para a BRIO, do Inter. As parceiras perderão receitas de shows. Tem mais essa.
O Inter deu azar imediato. Vinculou os repasses da Adidas à venda de produtos, que vinha sendo alta, em razão do apoio do torcedor. Sem futebol, é óbvio que as vendas cairão, e aí o Inter não terá o dinheiro fixo da fornecedora. Enfim: são perdas para todos os lados, ainda por cima com menos chance de vender jogador para o Exterior.
Não adianta o governo federal seguir cobrando se os clubes não puderem pagar. Não receberá. É como seguir exigindo tributos e taxas normalmente de empresas e cidadãos, mesmo com a economia parando. Seria um garrote até a asfixia do mundo da bola. E, antes que alguém fale dos salários milionários, vale lembrar que só 1% dos clubes paga salários de três dígitos.
O futebol emprega muita gente, direta e indiretamente. Duvido que aconteça, mas na condição de bom sonhador, vamos lá. Se estão todos no mesmo barco, não seria hora de os clubes pedirem juntos o congelamento da dívidas até a pandemia passar? Aquela questiúncula local, agora, torna-se insignificante. Que surja uma união nacional mínima, oxalá semeadura de algo que evolua para uma liga dos clubes, sem a tutela da CBF. Sonhar não custa nada, com diz o samba.
Nós, amanhã
Depois de Juan, da Roma, ex-Inter, na quinta-feira, o Bola nas Costas, da Atlântida, entrevista nesta sexta Lucas Leiva, ex-Grêmio e Liverpool, que está na Lazio. A Itália vive o caos: mais de 2 mil mortes e 400 óbitos só nas últimas 24 horas.
Depois é a vez do baiano Wallace Reis, do Göztepe, time da Série A turca, última liga da Europa a parar. É educativo ouvir como se dá o dia a dia onde a situação é mais grave. Nós seremos eles (ou não) amanhã. Só depende do nosso engajamento na prevenção ao contágio da covid-19. O Bola nas Costas começa às 11h.
Cete
O secretário estadual de Esportes e Lazer, João Derly, diz que o Cete fechará por 30 dias a partir de amanhã, em Porto Alegre. O ginásio já tinha cerrado portões, mas agora o acesso será totalmente proibido, inclusive nas áreas abertas. Em Niterói, no Rio de Janeiro, quem chega de raquete para jogar frescobol, beach tennis ou qualquer outro esporte, é mandado para casa pela polícia ou guarda municipal. Em suma: aberto ou fechado, não pode jogar nada. Nem correr.
Divisão de Acesso
Sobre o temor de quebradeira geral na Divisão de Acesso, cujo campeonato parou com apenas três rodadas, a FGF manterá o crédito de R$ 60 mil por clube para despesas de logística. O ressarcimento, mediante apresentação de nota fiscal do gasto (hotel, transporte, alimentação) segue valendo. É um item do regulamento da competição. O problema é que alguns clubes já gastaram parte ou até todo o valor. Mesmo assim, a FGF estudará outras maneiras de ajudar.