A regra, seja qual for o confronto pesado, é jogar a responsabilidade para o outro lado, insistindo no favoritismo alheio, por sua vez um dos conceitos mais vagos e inúteis do futebol. A ideia é aliviar a barra em caso de derrota. E valorizar a vitória, na linha do contra tudo e contra todos.
É comum, no fim do jogo, ainda no calor da batalha, algum jogador bradar: "Falem agora!". Na maioria das vezes ninguém disse nada, mas não importa. É o roteiro. Uma linha intermediária a esta chatice é o clássico “chance igual para os dois”. Nem o coitadismo vitimista, nem a confiança exagerada.
Pois Renato Portaluppi e Jorge Jesus estão quebrando este paradigma.
Ao eliminar o Palmeiras, Renato repetiu que o futebol mais bonito do Brasil é o do Grêmio, frase impensável nos anos 1990, quando Felipão criava o cenário da pureza valente dos farrapos contra a falsidade arrogante dos imperiais.
Confrontado com a opinião de Renato, após eliminar o Inter, o português cravou que o melhor futebol do Brasil é o do Flamengo. Minha opinião contra a sua, em outras palavras. Parou por aí, mas não lembro de nada parecido.
É uma espécie de duelo da soberba, tomando emprestado o politicamente correto que Renato e Jesus, ainda bem, não levam tão a sério. Essa semifinal de Libertadores entre Grêmio e Flamengo, além de dois jogaços com times parecidos, que gostam de ter a bola e não desistem de atacar, será bem divertida.