Vejo a ideia de usar Martín Sarrafiore (21 anos) em Lima, contra o Alianza, como prova de humildade e senso crítico do técnico Odair Hellmann.
Desde o retorno do tripé com Rodrigo Dourado, Edenilson e Patrick, o Inter voltou a se defender bem. Dos gols que levou de River e Palestino, só um foi de bola rolando, o primeiro dos chilenos. Os outros foram de bola parada.
É duro vazar Marcelo Lomba, portanto, com bola no chão e trocando passes. Os Gre-Nais que deram ao Grêmio o título gaúcho nos pênaltis mostraram que, para erguer taça, é preciso mais na outra parte: a construção ofensiva.
O Inter não soube construir vantagem para ser campeão na Arena, no tempo normal. Nem o Grêmio, é verdade, que precisou das penalidades, mas o assunto aqui é o Inter, para alçar voos maiores.
Não que o Inter deixe de atacar na Libertadores. Ataca, é claro, tanto que já está classificado. A questão é o repertório, usando extremas e meio-campistas que não são de toque curto, mas de condução de bola e ultrapassagem. Sairia William Pottker, um velocista, para entrar o armador de 21 anos e seu estilo cadenciado.
"MAIS SOLTO"
Fico com a palavra de Rodrigo Dourado. Ele resumiu o que pode mudar a partir do ingresso do jovem armador Martín Sarrafiore. O capitão mostrou lucidez:
– É um cara que vem mais para dentro, que joga com a bola no pé e chuta de fora da área.
A gente vai tentar usar as características dele para conseguir jogar mais solto, mais tranquilamente.
São duas rodadas de menos pressão até o fim da fase de grupos, reflexo da vaga antecipada nas oitavas de final. O Inter pode se dar ao luxo de experimentações que podem fazer toda a diferença lá adiante, e isso é mérito da sólida campanha na Libertadores.