Entre o tigre e o leão, prefiro o tigre. Até reconheço que a juba dá ao leão um ar majestoso, mas o tigre é um ser independente, solitário e misterioso. Prefiro o tigre.
Já entre Beatles e Rolling Stones, sou Beatles. Admito que isso possa ser uma contradição da minha parte, porque os Stones são mais tigres do que os Beatles. São mais rebeldes, mais malvados. Só que as melodias das músicas dos Beatles são invencíveis, encantam crianças de quatro anos de idade e senhorinhas de 90. Daqui a 200 anos, se o mundo ainda existir, os terráqueos ouvirão as músicas dos Beatles como hoje ouvimos as de Mozart, Beethoven e Bach.
Literatura russa ou literatura americana? Outro dia, um hater comentou o seguinte, para tentar me ofender: “Tu és um americanófilo!”. Respondi: “Sou mesmo. Amo os Estados Unidos quase como amo o Brasil”. Meu amado hater ficou perplexo. Então, é natural que eu prefira a literatura americana. Porém, os russos sei que são de uma profundidade singular, eles não apenas cativam o leitor, eles o abalam. Quem aí escreve como Dostoievski? Ninguém. Mesmo assim, a brutalidade elegante da literatura americana tem mais a ver comigo. Provavelmente porque é uma literatura baseada no jornalismo, e não há jornalismo igual ao americano. Portanto, fico com Fante, Bukowski, Capote, Hemingway, Fitzgerald, Steinbeck, Melville, Salinger, McBain e Vonnegut. Esses caras sempre me ajudaram a escrever.
Agora, aquele meu hater dirá que sou tão americanófilo, que desprezo a literatura brasileira. Não é verdade. Sou admirador de Machado de Assis, Jorge Amado, Erico Verissimo, João Antônio e Sérgio Faraco, entre outros, mas o melhor da nossa literatura não é o romance ou o conto; é a crônica. E aí ninguém bate o velho Rubem Braga, que fez da crônica de jornal uma arte sofisticada. Cada pequeno texto de Rubem Braga era uma joia delicada. Ninguém o emulou. Rubem Braga: o melhor cronista do mundo de todos os tempos, Amém.
Picasso ou Monet? Sem qualquer hesitação, Monet. Sou fã dos impressionistas.
Paris ou Nova York? Apesar do meu apreço pelos Estados Unidos, Paris – uma cidade que se esforça para que você se sinta especial.
Pelé ou Garrincha? Esse é um debate do passado. Afinal, ambos deixaram de jogar há mais de 40 anos. Mas era uma questão interessante, porque revelava muito do caráter do brasileiro e do próprio futebol. Pelé, óbvio, era melhor, mais decisivo, mais artilheiro, mais completo. Mas Garrincha era chamado de “A Alegria do Povo” e era amado pelas pessoas por seus dribles irreverentes, por sua inconsequência e até por sua ingenuidade. Garrincha reafirmava a essência do futebol, que é o entretenimento, que é a diversão, que é a brincadeira. Por isso, faço uma reverência ao rei, mas vou de Garrincha.