O Inter tem demonstrado na prática, a cada rodada, como um time de força física e movimentação pode ser bem sucedido em qualquer campeonato.
Porque o Inter não é um time técnico. Se seus jogadores fossem avaliados apenas pelo critério da habilidade pura, a equipe formada por eles seria, no máximo, mediana.
Mas o Inter reuniu outros predicados.
O centro desse time são seus três volantes: Dourado, Edenilson e Patrick. Dourado é o centromédio ortodoxo, cuida bem da defesa e é ótimo cabeceador. Edenilson é o que antigamente se chamaria de “motorzinho”, se movimenta de área a área, combate o adversário e aparece para concluir. E Patrick, que na defesa sempre foi um abnegado, transformou-se em um insinuante ponta-esquerda quando está no ataque. Com sua já conhecida disposição de marcação e sua nova agressividade no ataque, Patrick se transformou no melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2020.
Esse sólido tripé foi cercado de jogadores que sabem cumprir tarefas pontuais e indispensáveis: um goleiro competente, dois zagueiros grandes e sérios, dois laterais fortes e rápidos, que têm folego para passar o jogo inteiro indo e voltando, um ponta veloz, um centroavante perigoso e um meia, Praxedes, que é mais volante avançado do que meia. Tudo se encaixa e tudo funciona.
Um time modesto, mas eficiente. Enfrentou aquela seleção de virtuoses do Flamengo sem se assustar. Ao contrário, quem se assustou foi o Flamengo. Se não tivesse havido a expulsão de Rodinei, qualquer um poderia vencer.
É provável que o Inter não conquiste o campeonato, mas a notícia para a próxima temporada é muito boa: existe uma base. Agora, é trabalhar para melhorá-la.