Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estão levando uma surra do coronavírus, as UTIs estão lotadas, os médicos estão pedindo lockdown, o número de infectados e mortos não para de aumentar e o governador e o prefeito não param de receber elogios de grande parte da imprensa e da população.
Que mistério é esse?
O que foi feito de diferente em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul para que os políticos sejam tão festejados?
O Estado vive o isolamento há quatro meses, houve tempo suficiente para agir, mas não foram instalados leitos de UTI em número suficiente para atender à demanda dos previsíveis piores dias, e nem foram contratados profissionais para operá-los. Alguém pode argumentar que não se sabia como seriam os piores dias. Argumento falso: a Lombardia já nos mostrava o que podia acontecer. Havia parâmetro. E havia tempo para se preparar.
A situação do Rio Grande do Sul não é diferente da que enfrentam Santa Catarina ou o Paraná. A doença migrou para o Sul no inverno, pouco importando se as cidades ou os estados estavam mais ou menos fechados, se os prefeitos são bolsonaristas, petistas ou tucanos. Quer dizer: Porto Alegre e o Rio Grande do Sul NÃO SÃO CASOS DE SUCESSO. Ao contrário: a possibilidade de lockdown, depois de quatro meses de sacrifícios da comunidade, é um fracasso rotundo.
Para arrematar a coleção de erros, a prefeitura, nesta sexta-feira, proibiu a realização do Gre-Nal. Os treinos coletivos, no entanto, são permitidos. Ora, um jogo sem público é igual a um treino coletivo, só que vale pontos. Além disso, o deslocamento das delegações e da imprensa para Caxias do Sul, a reinstalação no Centenário de todo o aparato sanitário que já havia sido montado pelo Inter no Beira-Rio, as viagens noturnas na estrada de jornalistas e jogadores, tudo isso é muito mais perigoso, em termos sanitários, do que se a partida ocorresse em Porto Alegre.
Por que, então a proibição?
E, principalmente, por que os políticos são aplaudidos?
Por quê?