"Sobre a reunião realizada hoje pelo governo do Estado, que propõe um projeto que dispensa plebiscitos para a venda de estatais, essas questões são importantes, são estruturais, mas há problemas emergenciais nos quais os governantes têm que chegar e dizer: 'Vamos resolver isso aqui agora! Hoje!', sem passar nenhuma hora a mais. Estou me referindo àquelas pessoas que estão algemadas dentro de viaturas há mais de uma semana, em Porto Alegre. Imagina a situação de uma pessoa que está dormindo algemada dentro de um carro, comendo pão, enquanto está algemada. Sabe o que é isso? Isso é tortura! Não é nada menos do que isso!
Então o Estado brasileiro, com o nosso beneplácito, de certa forma, está torturando pessoas. E as pessoas dizem 'ah, mas eles são bandidos', 'tá defendendo bandido!' Não estou defendendo bandidos, estou defendendo as pessoas. Porque o Estado não pode fazer isso com um ser humano, não pode tratar uma pessoa assim! As pessoas, quando estão presas, estão sob custódia do Estado. Sabe o que é isso? Custódia do Estado? O Estado tem que cuidar delas. Elas estão sendo punidas pelo que elas fizeram e por isso elas têm de ficar apartadas da sociedade, mas elas não podem sofrer maus-tratos. Uma semana algemado dentro de uma viatura! Comendo dentro da viatura, dormindo dentro da viatura! Não tem cabimento uma coisa dessas!
Então, o governador do Estado, que é responsável, sim, por esse tipo de coisa, e eu já cobrei isso de outros governadores antes. O governador Tarso Genro ficou brabo comigo porque cobrei isso dele, cobrei do Sartori também. Sabe o que o governador tem que fazer? Ele tem de dizer: 'Abre uma sala dessas aí, bota uma cama lá dentro e vão botar essas pessoas ali'. Não pode o Estado estar torturando gente. No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no século XXI, em 2019. Não pode uma coisa dessas!
A gente tem que se indignar com esse tipo de coisa, a gente tem que falar esse tipo de coisa e o próprio governador tem que se indignar, tem que chegar e dizer 'Nós vamos resolver isso agora!'."
Ouça abaixo a íntegra do comentário de David Coimbra no programa Timeline: