Começo este novo ano respondendo por escrito a uma consulta que me foi feita de boca: num churrasco de turma, na antevéspera do Natal, um velho amigo, enquanto esperávamos o assado ficar pronto, aproveitou para tirar uma casquinha: por que agora pegaram de falar "por uma Porto Alegre melhor", "a minha Porto Alegre"? Que ele lembrasse, sempre tinha sido masculino – e diante da minha cara de incredulidade, citou, meio cantando, a abertura de uma música do grande Noel Guarany, que ele sabe que eu respeito: "Adeus, adeus, meu Porto Alegre ingrato, vou me embora desta terra morar no meio do mato". "Explica aí!", arrematou. "Noel está errado?". A pergunta era boa, mas a ocasião era péssima, porque acabavam de tirar da grelha um matambrezinho de porco e começou um salve-se-quem-puder em torno daquela mesa. Minha promessa de responder por aqui, em letra impressa, deixou-o satisfeito — com uma ressalva: "Só não bota o meu nome!".
O prazer das palavras
Notícia
O gênero de Porto Alegre
A dinâmica de uma língua viva admite que convivam lado a lado várias formas igualmente corretas
Cláudio Moreno
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