Já devo ter maçado meus leitores com a surrada advertência de que, tanto na etimologia como na vida, nem tudo é o que parece. Neste Natal, no entanto, uma consulta transatlântica veio contribuir para nosso baú de exemplos. Olegário Pessela, professor de Luanda, em Angola, empacou na palavra hebética, que encontrou no romance A Casa Grande De Romarigães, de Aquilino Ribeiro. "É um grande estilista e usa um vocabulário riquíssimo, razão pela qual estou a lê-lo sempre com o dicionário aberto no ecrã do computador. Desta feita, porém, pouco adiantou, porque, ao falar de Maria Carantonha, uma das velhas tias do livro, o autor diz que ela regressou "à sua alcova de hebética". Ora, o dicionário Priberam define o termo como "relativo à adolescência"; a lição é confirmada pelo Caldas Aulete, outro dicionário em linha a que recorro frequentemente. Se pudesse, gostaria de saber vossa opinião a respeito disso".
O Prazer das Palavras
Alhos por bugalhos
Tanto na vida quanto na etimologia, nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que balança cai
Cláudio Moreno
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