Apesar de toda a sua genialidade, o velho e bom Machado de Assis não previu, entre as várias espécies de loucura que Simão Bacamarte catalogou, a sanha que leva alguns indivíduos a propor reformas na sua língua materna – exatamente aquela que, como diria Cervantes, ele bebeu junto com o leite da mãe. Alguns, talvez entrevendo o tamanho sacrilégio que vão cometer, limitam-se a propor sistemas ortográficos próprios, delirantes, feitos em casa, que ganham os seus quinze minutos de fama na imprensa e terminam melancolicamente na barraca de aberrações do circo gramatical (não é por acaso que a totalidade dessas propostas absurdas – todas elas autoproclamadas “salvadoras” ou “simplificadoras” – venha da pena de autodidatas, que não tiveram em suas vidas um mestre que os ensinasse a evitar tanto desperdício de inteligência e criatividade).
O Prazer das Palavras
Car@s amig@s
Há muitas maneiras de lutar pelos direitos da mulher – mas mudar a flexão das palavras não é uma delas
Cláudio Moreno
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