Os números do futebol estão absurdamente inflacionados nesta janela. E a preocupação começa a tomar conta dos gabinetes. De uma forma geral, os grandes clubes brasileiros triplicaram os seus custos com futebol nos últimos anos e o Grêmio não está conseguindo lutar contra isso.
Para se ter uma ideia, nas campanhas dos títulos da Copa do Brasil em 2016 e da Libertadores de 2017, o Grêmio, somando os dois anos, gastou menos do que está previsto para gastar na temporada de 2024. Muitos dos profissionais daquelas campanhas seguem no clube, ganhando, obviamente, muito mais. As receitas, no entanto, não tiveram o crescimento proporcional ao custo, o que cria uma lógica muito perigosa no ambiente financeiro do Tricolor.
A realidade indica um alto risco aos clubes brasileiros. O nível de endividamento cresce e soluções como SAFs ou antecipação de direitos de TV por um longo período indicam um sério risco para a saúde financeira dos clubes. A luta contra os supersalários não é defendida por nenhum seguimento, o que amplia o paternalismo que foi criado em relação à essa camada milionária de atletas de futebol.
O Grêmio parece se render à necessidade e à pressão e irá apostar em déficit. Pela segunda vez na sua história, o Conselho Deliberativo aprovou um orçamento que prevê prejuízo, mas, mesmo diante disso, o clube irá aumentar salários da maioria dos profissionais que estão renovando os seus contratos. O treinador Renato, que por vezes se mostra consciente com relação ao momento financeiro do Grêmio, também faz coro para novos (e altos) investimentos do clube, colocando a direção em uma cilada sem saída.
O risco está posto e todos conhecem. O Grêmio caminha para um ambiente perigoso. Os clubes brasileiros irão quebrar se seguirem neste sentido. Vasco, Cruzeiro, Botafogo, Bahia e outros já venderam as suas operações. E quem não tiver cuidado, estará fadado a este destino. Lembrando que uma operação financeira existe para dar lucro e o modelo de negócios do futebol brasileiro dá prejuízo. Ou se luta contra isso ou teremos o fim de instituições centenárias que alimentam a paixão de muita gente.