A vitória sobre o Fluminense, baseada em esforço e resiliência, praticamente definiu o caminho para o Grêmio buscar a classificação na próxima quarta-feira (16), contra o Flamengo, pela Copa do Brasil. A entrega do time e a crença definitiva pela virada, todos acreditavam, seriam os pontos atacados por Renato na coletiva pós-jogo. E não foi o que se viu.
O tom do técnico tricolor acabou surpreendendo. O antes efusivo Renato deu lugar a um cético analista, que entende a distância entre Grêmio e Flamengo e não se absteve de ampliar o favoritismo dos cariocas. Disse ainda que Flamengo sempre é forte em casa e isso complica ainda mais a possibilidade gremista.
A manifestação de Renato criou dois sentimentos junto ao torcedor. A primeira percepção foi de um conformismo do treinador em relação a superioridade do Flamengo, mas muitas pessoas leram a entrevista com uma estratégia de comunicação. E, nesta hora, a discussão se criou.
Percepção é individual. O interlocutor recebe a mensagem e analisa sempre de acordo com as suas histórias. O preconceito é algo intrínseco e indissolúvel, sobretudo em palavras que podem gerar mais de uma interpretação. A capacidade de Renato de construir narrativas dá, no caso concreto, margem para os dois pontos.
A pergunta, portanto, ganha corpo. A coletiva do treinador foi uma grande estratégia de entregar ao Flamengo a responsabilidade, ou Renato, de fato, já admite que a desclassificação do Grêmio tem contornos definitivos?
A resposta estará nos fatos, mas discussão precisa ser anterior a eles. O jogo costuma desnudar todas as ações subjetivas e essa será resolvida na quarta-feira. Conformismo ou estratégia? A resposta? Só o Maracanã vai conseguir responder.