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Em busca de negócios de impacto voltados a soluções ambientais, sociais e de governança, uma expedição vai passar por 18 países das Américas. A iniciativa é do publicitário e produtor executivo Marcel Guariglia, que cumpre o roteiro a bordo de um veículo híbrido. Após começar o roteiro em Ushuaia, na Argentina, a Jornada ESG chega ao Rio Grande do Sul na segunda quinzena de abril.
No Estado, de 17 a 19 de abril, vai conhecer três iniciativas: em Canguçu, Dois Irmãos e Porto Alegre. No dia 17, em Canguçu, na região Sul, a expedição vai conhecer o projeto Alianzas del Pastizal, uma iniciativa voltada para a conservação dos campos naturais do Bioma dos Pampas. A ideia é conhecer a prática da agricultura regenerativa, com a produção de alimentos orgânicos e sem uso de fertilizantes, e os processos de recuperação do solo.
Em Dois Irmãos, no Vale do Sinos, a expedição vai conhecer, no dia 18, o Projeto Ser+, que promove a inclusão social e o desenvolvimento socioeconômico dos trabalhadores das unidades de triagem de resíduos. No dia 19, a expedição chega a Porto Alegre para observar como funciona a Ecobarreiras, uma solução sustentável que impede a chegada de resíduos flutuantes ao Guaíba em determinado espaço. Na Capital, também visita o Centro de Educação Ambiental (CEA), no Bairro Bom Jesus. O espaço promove oportunidades de crescimento pessoal e qualificação profissional por meio da conscientização ambiental.
— O objetivo da jornada é mostrar que é possível se desenvolver de forma sustentável pela quantidade de soluções ambientais e governamentais que já existem no mercado. Os desafios não são os recursos, mas a falta de conexão com ideias inovadoras — destaca Guariglia.
Para acompanhar a viagem, que vai durar 8 meses e percorrer mais de 50 mil quilômetros, é possível acessar o portal, onde o usuário pode acessar conteúdos produzidos em cada país.
Além de conferir visibilidade a negócios, o projeto busca apresentar iniciativas voltadas a soluções sustentáveis para acelerar a Agenda 2030, que foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, e destaca 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas de ação global para o enfrentamento de desafios ambientais, sociais e governamentais.
Guariglia afirma que a Agenda 2030 virou um norte para empresas do mundo todo, principalmente na Europa, onde os países impõem restrições. Ele ressalta que as "florestas valem mais em pé do que deitadas".
— Eles não compram de cadeias que desmatam, e isso acaba forçando toda uma cadeia de desenvolvimento de forma sustentável. A Europa acaba puxando essa agenda de modelo de desenvolvimento de ações sociais e ambientais — observa.
Ele destaca o grande potencial do país para contribuir ou ser protagonista para descarbonização da economia – que é o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2). Além disso, o país detém a maior concentração de créditos de carbono no mundo e as maiores florestas.
O especialista avalia que "não adianta cuidar do carbono e esquecer do social" e acrescenta que o Brasil tem um desafio social "muito maior do que ambiental".
— O Brasil tem matriz energética limpa, à base de hidrelétricas mais limpas do mundo. E pode atrair empresas, investimentos, que querem ter menos emissões. Mas ao mesmo tempo tem grandes desafios sociais que atrasam o país — compara.
Doação
A Jornada ESG também firmou parceria com o Instituto Entre Rodas, de São Paulo, que desenvolve ações para o enfrentamento à violência e a violação dos direitos das crianças e adolescentes com e sem deficiência. E vai dor dez cadeiras de rodas a comunidades carentes no Brasil, sendo uma para o município de Pelotas.
— São necessários 4 milhões de lacres para comprar uma cadeira de rodas. Nosso desafio é tornar as cadeiras de rodas 100% recicláveis — explica Guariglia.
Roteiro
América do Sul:
Partida de Ushuaia, Argentina. Rota pelo Chile, Norte da Argentina e Uruguai para explorar desafios dos polos, mudanças climáticas, derretimento de geleiras e pesquisas científicas.
Brasil:
Passagem pelas principais capitais brasileiras. Exploração de soluções para cidades sustentáveis. Abordagem de temas como eficiência energética, erradicação da pobreza, combate à fome, educação de qualidade e redução das desigualdades. Destaque para os principais biomas brasileiros, abordando biodiversidade, agricultura sustentável, mercado de carbono e preservação de rios, lagos e oceanos.
Bolívia, Peru, Equador e Colômbia:
Conhecimento de iniciativas voltadas para o desenvolvimento socioambiental. Preservação da cultura ancestral e povos originários, e sua relação com a preservação ambiental.
América Central:
Abordagem dos desafios ambientais do Canal do Panamá. Soluções ambientais na Costa Rica, considerado um dos países mais sustentáveis do mundo. Abordar os desafios sociais na Nicarágua e Honduras. Oficialização da moeda bitcoin em El Salvador e redução das desigualdades em Guatemala e Belize.
América do Norte (México, Estados Unidos e Canadá):
Dar voz aos especialistas sobre os principais desafios do século XXI. Enfoque em tornar cidades e comunidades mais sustentáveis por meio de indústria, inovação e infraestrutura. Geração de oportunidades de trabalho decente e promoção do crescimento econômico. A expedição irá abordar temas específicos em cada região, como desafios dos polos, mudanças climáticas, questões sociais, preservação ambiental, entre outros. O roteiro também inclui visitas a diferentes iniciativas sustentáveis e negócios de impacto.