A exposição ao sol em excesso tem riscos e se proteger de níveis exagerados de raios ultravioletas é cada vez mais importante. A tecnologia, porém, torna possível aferir os níveis, saber qual a proteção necessária e o tempo máximo de exposição. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está ocorrendo evento internacional de capacitação sobre o equipamento que faz essa medição.
A máquina capaz de aferir a radiação solar e de ozônio na atmosfera é o espectrofotômetro. O equipamento pertence à unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), único equipamento do tipo do Rio Grande do Sul – no Brasil são quatro – e recebe capacitação sobre calibração da máquina.
É possível acompanhar as medições no site da Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) da Espanha, que mostra os aparelhos distribuídos pelo mundo todo. Segundo a professora de Engenharia Química e Meteorologia da UFSM Damaris Kirsch Pinheiro, os dados obtidos pelos espectrofotômetros são importantes para o cotidiano e saúde pública da população, em especial a de países abaixo da Linha do Equador, que estão sujeitos a níveis mais altos de radiação ultravioleta.
— A Organização Meteorológica Mundial (OMM) recomenda que não se saia de casa com radiação extrema, e a nossa região possui nível alto ou extremo seis meses ao ano — diz a docente pesquisadora.
Outro dado que pode ser obtido pelo equipamento é a concentração de ozônio na atmosfera, que impacta diretamente na intensidade da radiação, já que atua como escudo contra os raios solares.
Quando ficar na proteção de casa não é viável, é preciso investir na prevenção. Dependendo das condições climáticas, a professora recomenda o uso de protetor solar, roupa de manga ou até cobertura total do corpo.
— É preciso ter atenção ao tempo de exposição ao sol, que pode ser 10 minutos, nulo ou até por horas, como em alguns dias do inverno — relata Damaris.
O monitoramento do espectrofotômetro também prevê e detecta a chegada de massas de ar com pouco ozônio, o que permite avisar a população sobre os períodos com alta radiação solar.
Evento internacional em Santa Maria
O espectrofotômetro Brewer foi desenvolvido entre as décadas de 1970 e 1980 e necessita de calibrações frequentes para aumentar sua precisão. Uma capacitação sobre a forma correta de realizar esses ajustes é ensinada no encontro internacional na UFSM.
É a 1ª Campanha Ibero-Americana de Calibração e Intercomparação de Instrumentos para Medição de Ozônio Total e Radiação Solar Ultravioleta, que ocorre no Inpe da universidade até sexta-feira (8), em colaboração com a Aemet da Espanha e a OMM.
A iniciativa é coordenada pela professora Damaris, representante brasileira da United Nations Environment Programme (Unep), órgão internacional da ONU que faz encontros de gerentes de pesquisa sobre ozônio.
— Vimos a necessidade de fazer um evento de calibração de medidores deste gás, que filtra a radiação ultravioleta do tipo B. É a primeira vez que uma ação como esta ocorre na América do Sul — explica.
A campanha foi dividida três etapas, uma por semana: reparo e manutenção, formação prática e teórica sobre como realizar a calibração e, por fim, a calibração dos equipamentos (nove espectrofotômetros e um calibrador), conectados à rede europeia de calibração, a Eubrewnet.
— Após encontros com pesquisadores ligados à OMM, mandamos um projeto para a Convenção de Viena sobre Proteção da Camada de Ozônio, em 2021, e conseguimos recursos para realizar o evento aqui — relembra a professora.
Pesquisadores brasileiros e de outros países, como Argentina, Chile, Equador, Bolívia, Espanha, Portugal, Itália, Suíça e Alemanha participam do encontro.
— Nos integramos em uma rede internacional, isso é muito importante, pois possibilita muitos trabalhos em conjunto. Além disso, recebemos estudantes de graduação e pós-graduação, que estão assistindo cursos com pessoas extremamente especializadas — destaca Damaris.