O comandante da força-tarefa do governo federal para o vazamento de óleo no Nordeste, capitão de Mar e Guerra Alvaristo Nagem Dair Júnior, afirmou nesta sexta-feira (25) que o foco das investigações sobre a origem do derramamento são os navios petroleiros de grande porte. Conforme o oficial da Marinha Brasileira, a busca pelo navio responsável ainda inclui cerca de 30 embarcações, que estão sob investigação.
— A Marinha está investigando todas as possibilidades. Existe um foco grande (de investigação) nos navios petroleiros de grande porte. Inicialmente, existia uma questão de análise de milhares de navios, e hoje está concentrado em cerca de 30 navios. Existe uma concentração de esforços para que a gente foque em alguma coisa — disse o oficial da Marinha, ao ser questionado sobre as insinuações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, envolvendo a responsabilidade pelo crime.
O ministro do Meio Ambiente insinuou, em uma postagem no Twitter na quinta-feira (24), que existe ligação entre o vazamento de óleo e o Greenpeace, organização internacional que atua em defesa do meio ambiente. Na postagem, o ministro usou uma foto de um navio de pesquisa do Greenpeace para falar sobre uma suposta "coincidência" de a embarcação ter passado por águas próximas ao litoral brasileiro "na época do vazamento". O ministro não apresentou provas, até o momento, sobre a insinuação.
Em outro trecho da mesma entrevista à GaúchaZH, o comandante da força-tarefa detalhou a linha principal de investigação, além de citar a possibilidade de que o vazamento tenha ocorrido na transferência de óleo entre navios.
— Normalmente, essas embarcações que transportam grandes quantidades de óleo são os navios petroleiros. Sim, (isso é o que faz) mais sentido. Existem também outras linhas de investigação, que falam de operações ship-to-ship (navio-para-navio, em tradução livre), que são transferências de óleo entre navios. Só que essas ações na costa brasileira têm que ser autorizadas pela Marinha e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). São ações que, se ocorreram, não foram autorizadas — explicou o capitão de Mar e Guerra.
O comandante da força-tarefa também indicou que, sem saber qual é a fonte do vazamento e qual a quantidade de óleo emitida, não é possível prever um fim para o desastre ambiental.
— Hoje, a gente não sabe qual foi a quantidade de óleo derramado. A gente está em fase de identificar o poluidor, mas a gente não tem informação de quanto de óleo foi derramado. E é um óleo diferente, que não está na superfície (da água) e foge de todas as técnicas (de monitoramento) disponíveis no mundo. A gente não tem como estimar se vai parar. A gente tem indício de que vem diminuindo, mas já ocorreu em outros tempos indícios de que iria diminuir e voltou. A gente não pode precisar de que haverá ou não mais óleo — disse Dair.
Na última segunda-feira (21), o vice-presidente Hamilton Mourão anunciou o reforço de efetivo do Exército para auxiliar na retirada do óleo do litoral nordestino. Questionado, o comandante da força-tarefa evitou responder se há necessidade de aumento de efetivo, destacando que a principal dificuldade diz respeito à imprevisibilidade dos danos ambientais.
— A questão não é a quantidade de pessoal. É a imprevisibilidade de onde o óleo vai tocar. Nas práticas normais, você sabe onde ocorreu o incidente, a quantidade de óleo que caiu, tem como limitar a área. Hoje, a gente tem uma área de mais de 2,5 mil quilômetros. A área é muito grande. Pontualmente a gente consegue identificar algumas placas, mas normalmente essas placas a gente só consegue identificar quando estão chegando na praia — afirmou.
O comandante da força-tarefa atua diretamente no combate aos danos provocados pelos vazamento, concentrado em Salvador, na Bahia. As investigações, por sua vez, estão sendo conduzidas pelo Comando de Operações Navais, no Rio de Janeiro.