Como prometido por Jair Bolsonaro em visita ao Rio Grande de Sul nesta semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou de operar radares móveis em rodovias federais no país. A medida seria para, segundo o presidente, conter a "indústria da multa" no Brasil. No entanto, a decisão tem gerado divergências entre especialistas de trânsito.
No RS, o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, se posicionou contra a mudança. Segundo ele, os bons motoristas irão arcar com a falta de fiscalização de quem não obedece os limites de velocidade.
— Os pardais contribuem para que os condutores cumpram a lei, para que respeitem a sinalização. Se houver a retirada (dos equipamentos), estudos indicam que a imprudência dos condutores pode aumentar, elevando o número de acidentes — diz. — Esses maus condutores, como irão se comportar? E aqueles que são parados muitas vezes alcoolizados, em veículos com os documentos irregulares? Estaremos diminuindo a fiscalização desse mau motorista. Os bons condutores serão punidos. — completa.
Em evento na manhã desta quinta-feira (15), na presença de Costella, o governador Eduardo Leite também criticou a alteração. Na cerimônia, o governo do Estado autorizou a liberação de R$ 37 milhões para acessos asfálticos em oito municípios gaúchos.
A suspensão do uso dos equipamentos, determinada por Bolsonaro, não afeta o uso de pardais móveis em vias fiscalizadas por órgãos estaduais e municipais. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) do Rio Grande do Sul e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) afirmaram que suas operações não sofrerão alterações.
Outra preocupação de Costella é em relação a um possível efeito cascata da decisão.
— Se tu inicias retirando alguns (controladores de velocidade), isso pode se estender para os radares fixos, por exemplo. Imagine o transtorno que isso pode causar — ressalta.
O secretário lembrou que, neste mês, o governo do Estado realizou o chamamento para duas licitações para a reinstalação de controladores de velocidades em vias gaúchas. Os editais devem ser abertos nos dias 22 e 23 de agosto. Para os dois contratos, cerca de R$ 8,5 milhões serão disponibilizados ao longo de 24 meses de instalação.