Quem passa pela rodovia Santa Cruz do Sul-Encruzilhada do Sul (BR-471) vê placas proibindo o trânsito de veículos pesados e até rachaduras sobre o viaduto do km 154, parcialmente interditado há sete meses em Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo.
O Ministério Público apontou risco de problemas na estrutura, mas ainda não há previsão para obras de reparo. Enquanto isso, caminhoneiros aproveitam a falta de fiscalização para circular pela rota, considerada vital para o escoamento mais ágil da produção agrícola.
- Do jeito que está, a situação no local está sob controle. Mas a passagens desses veículos grandes aumentam os danos ao viaduto - afirma a promotora de Justiça de Rio Pardo, Christine Mendes Ribeiro Grehs, que abriu um inquérito para investigar o caso.
Iniciadas em setembro, as investigações foram finalizadas no início de outubro. A promotora não divulgou detalhes técnicos do caso, mas afirmou que é sério e há riscos. Atualmente, o fluxo é controlado por semáforos e está em meia pista.
De acordo com o inspetor-chefe da 2ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Alfonso Willembring, a fiscalização é feita de forma rotineira na estrada, mas não há efetivo suficiente para monitorar o viaduto.
- Teríamos de descolar policiais de outras regiões só para isso, não há condições - justifica Willembring.
Na semana passada, o Ministério Público se reuniu com representantes do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), da concessionária Santa Cruz Rodovias, da PRF e de caminhoneiros para avaliar a situação e buscar uma alternativa.
Uma das possibilidades discutidas é proibir que caminhões circulem pelo trecho. O revés, porém, é o impacto no escoamento da produção. Segundo o Sindicato do Tabaco (Sinditabaco), grande parte dos 17 mil contêineres de fumo que foram embarcados entre janeiro e setembro deste ano no porto de Rio Grande passaram pelo trecho.
A possível intervenção afetaria o trabalho de caminhoneiros e empresas, em especial as do Vale do Rio Pardo, já que pela BR-471 também circulam cargas de soja. O trecho ainda é usado como rota para a produção que vem do Oeste gaúcho. Os caminhões teriam que fazer desvio, o que aumentaria os custos de transporte.
Diariamente, de acordo com a Santa Cruz Rodovias, passam no trecho onde existe o viaduto, entre Rio Pardo e Santa Cruz do Sul, 3,8 mil veículos, em média. Destes, 36% são caminhões.
Saiba mais
- Os problemas na estrutura do viaduto foram detectados em março pela Santa Cruz Rodovias, que garante ter avisado o Daer, que administra o trecho da rodovia federal. Desde lá, porém, o desacerto sobre quem deve executar o serviço adia o início das obras, com valor estimado entre R$ 1,5 milhões e R$ 2 milhões.
- O projeto de reestruturação do viaduto já foi concluído pela Santa Cruz Rodovias, mas não há previsão para o início das obras.
- O diretor da Santa Cruz Rodovias, Luiz Eduardo Fonseca, diz que as obras não fazem parte do contrato de concessão e não seria obrigação da empresa executá-la.
Rota de risco
Caminhões trafegam em viaduto interditado pela BR-471
Obras para reparar estrutura no município de Rio Pardo não têm previsão de início
Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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