Embriões de ratos cresceram e se desenvolveram normalmente na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), em um primeiro ensaio que indica que a reprodução humana no espaço seria possível. O estudo relatando o experimento foi publicado na última sexta-feira (27), na revista iScience. Conforme os cientistas, a experiência "demonstrou claramente que a gravidade não teve efeito significativo".
Em agosto de 2021, os pesquisadores enviaram embriões de ratos congelados para a Estação, que orbita a Terra e fica a aproximadamente 400 quilômetros acima da superfície do planeta. Os astronautas os descongelaram com um dispositivo especialmente projetado para isso e os cultivaram durante quatro dias.
"Os embriões cultivados em condições de microgravidade se desenvolveram normalmente em blastocistos, estruturas celulares que se tornam o feto e a placenta", disseram os cientistas.
O grupo de pesquisadores era formado, entre outros, pelo professor Teruhiko Wakayama, do Centro de Biotecnologia Avançada da Universidade de Yamanashi, e por uma equipe da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA). Os autores apontaram que não houve alterações significativas nas condições do DNA e dos genes após a análise em laboratório dos blastocistos enviados de volta à Terra.
Este é "o primeiro estudo realizado que mostra que os mamíferos podem ser capazes de se desenvolver no espaço", afirmaram a Universidade Yamanashi e o instituto de pesquisa nacional Riken em um comunicado conjunto no sábado.
"No futuro, será necessário transplantar os blastocistos cultivados na microgravidade da ISS em ratos para ver se o rato consegue dar à luz" e assim confirmar que os blastocistos se desenvolveram normalmente, observaram.
Este tipo de pesquisa pode ser importante para futuras missões de exploração e colonização espacial. No âmbito do programa Artemis, a Nasa planeja enviar novamente humanos à Lua para aprenderem como viver lá a longo prazo e preparar uma viagem para Marte no final da próxima década.
* AFP