O anúncio de Elon Musk de sua intenção de deixar o comando do Twitter é o mais recente choque para a rede social desde que foi comprada pelo magnata, no final de outubro. Antes disso, até mesmo a aquisição da empresa foi marcada por disputas judiciais e impactos no mercado financeiro. Em cerca de três meses, a companhia já passou por anúncios e decisões polêmicas.
Uma das iniciativas que chamou a atenção depois da chegada de Musk é a liberação de perfis banidos e a suspensão de contas de jornalistas que reportam o tema. Mudanças e planos anunciados nos últimos meses e que envolvem a rede social desagradam usuários e criadores de conteúdos. Relembre algumas delas:
O pássaro está livre
Em 27 de outubro de 2022, Elon Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões. "O pássaro está livre", tuitou, em alusão ao logotipo da rede. Logo foi respondido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, banido da rede social após o ataque ao Capitólio em 2021, parabeniza a mudança: "O Twitter agora está em boas mãos", escreveu.
Por outro lado, associações sinalizaram temor com a chegada de Musk, que logo após assumir a empresa liberou a conta de Trump e de outros usuários banidos por discurso de ódio ou preconceito. A União Europeia (UE) alertou que o Twitter terá de respeitar a nova regulamentação do bloco para o setor digital, que obriga as grandes plataformas a regular os seus conteúdos.
Prudência dos anunciantes
No dia seguinte à compra, a General Motors deixou temporariamente de pagar por anúncios no Twitter, tornando-se o primeiro grande anunciante a questionar sua presença na rede, cuja receita vem 90% da publicidade.
Outras empresas acompanharam a medida, como as gigantes americanas General Mills (Cheerios e Häagen-Dazs) e a Mondelez International (biscoitos Oreo).
Verificação de contas
Em 1º de novembro, Musk anunciou o lançamento de um sistema de assinatura de oito euros por mês para usuários que desejam ter sua conta verificada e ficar menos expostos à publicidade.
A verificação de contas e seu famoso símbolo azul eram gratuitos e acessíveis apenas para alguns perfis, como governos, empresas, imprensa, personalidades políticas, culturais ou esportivas etc.
Onda de demissões
No dia 4 de novembro, o Twitter começou uma série de demissões que atingiu cerca de 50% de seus 7,5 mil funcionários em todo o mundo, uma medida necessária porque "a empresa perde mais de quatro milhões de dólares por dia", segundo Musk declarou na época.
Twitter Blue
Outra grande polêmica gira em torno do lançamento do novo Twitter Blue nos iPhones: a assinatura paga para verificação de conta. Durante 48 horas, várias contas fingiram ser perfis de celebridades ou empresas. A rede social suspendeu o dispositivo dois dias depois.
Advertência das autoridades dos EUA
No dia 10 de novembro, o regulador de concorrência dos EUA emitiu um comunicado dizendo que os últimos eventos no Twitter motivaram"grandes preocupações". A agência lembra que a empresa pode ser punida com multas pesadas em caso de descumprimento das regras de segurança e sigilo de dados.
Ultimato aos trabalhadores
No dia 16 de novembro, o magnata deu um ultimato aos seus funcionários: trabalhem "muito, sem condições" ou saiam pela porta. De acordo com veículos de comunicação dos EUA, centenas de trabalhadores decidiram deixar a empresa.
Trump readmitido, Kanye West suspenso
No dia 19 de novembro, após uma votação entre os usuários, Musk decidiu revogar a suspensão da conta de Trump. Também foi anunciado o retorno em massa de contas proibidas — desde que não tenham infringido a lei — e o fim do combate à desinformação sobre a covid-19. Em 2 de dezembro, o Twitter suspendeu a conta do rapper americano Kanye West por "incitar a violência".
Contas de jornalistas suspensas
Em 15 de dezembro, a plataforma suspendeu as contas de vários jornalistas que cobrem a rede social e seu novo dono. A UE ameaçou impor sanções. Dois dias depois, várias dessas contas foram restauradas.
Musk renuncia?
No dia 19 de dezembro, em enquete criada pelo próprio Musk, 57,5% dos participantes votaram para que o magnata deixasse a direção da rede. Na segunda-feira (20), Musk anunciou que vai deixar o cargo de CEO "assim que encontrar alguém tolo o bastante para aceitar o trabalho".
* AFP