
O novo proprietário do Twitter, Elon Musk, anunciou, nesta quinta-feira (24), que vai começar a restabelecer as contas suspensas na plataforma depois que a maioria dos participantes de uma enquete na rede social votou a favor da medida. "O povo falou. A anistia começa na próxima semana", tuitou Musk, que na quarta publicou uma consulta sobre o tema a usuários do Twitter.
Das 3,16 milhões de pessoas que votaram na enquete, aproximadamente 72,4% responderam "sim" à pergunta de Musk, que questionava se o Twitter deveria oferecer uma "anistia geral para as contas suspensas desde que não tenham infringido a lei ou enviado spam de forma escandalosa".
Musk, que comprou a rede social no fim de outubro por 44 bilhões de dólares, já tinha consultado os usuários para decidir se Donald Trump poderia voltar à plataforma. O ex-presidente americano foi vetado da rede social após a invasão de seus apoiadores ao Capitólio, em Washington, em janeiro de 2021.
A conta de Trump foi restabelecida depois que uma maioria apertada (51,8%) dos 15 milhões de participantes desta pesquisa no Twitter se disse favorável no sábado ao retorno do bilionário republicano à rede. Musk explicou diversas vezes que comprou o Twitter porque considera a rede a "praça pública digital", essencial para a democracia no mundo.
Mecanismo
O uso deste mecanismo de consulta para definir estratégias na rede social contradiz um compromisso expresso por Musk pouco depois da aquisição da empresa, quando anunciou a formação iminente de um "conselho de moderação (de conteúdo) com pontos de vista muito diversos". "Não serão tomadas decisões importantes sobre o conteúdo ou o restabelecimento de contas até que este conselho se reúna", tuitou.
Mas o homem mais rico do planeta voltou atrás nesta promessa, após acusar "ativistas" e "políticos" de tentar "matar o Twitter, drenando (sua) receita publicitária", que representa 90% do faturamento da empresa. Várias marcas importantes, incluindo Volkswagen, General Motors e General Mills, anunciaram que vão suspender o investimento em publicidade no Twitter desde sua compra por Musk.
Para justificar o até então possível restabelecimento das contas suspensas, Musk argumentou na terça-feira (22) que os anunciantes que prometeram se manter na rede social, com a condição de que o conselho de moderação de conteúdo fosse criado, "quebraram o acordo" ao retirar seus investimentos.
No entanto, o empresário de origem sul-africana tem mostrado alguns limites. Ele indicou, por exemplo, que não restauraria a conta de Alex Jones, um locutor de extrema direita denunciado há anos por pais de vítimas do massacre da escola Sandy Hook em Newton (Connecticut) por afirmar que o ataque foi uma montagem orquestrada por opositores das armas de fogo.
Musk atraiu críticas por sua maneira impulsiva de administrar a rede social, desde a demissão de 50% da equipe até o lançamento caótico de novos recursos. Ele se defende diariamente de seus críticos em sua conta no Twitter de 118 milhões de seguidores, na qual costuma postar imagens irônicas ou provocações.
* AFP