O Sol está passando por um ciclo intenso de liberação de energia que tem feito os satélites perderem a velocidade até caírem na órbita da Terra. Esse fenômeno acontece a cada 11 anos e tem sido observado pelas agências espaciais, que já podem fazer estimativas sobre a durabilidade das tecnologias enviadas ao espaço e os riscos para a saúde dos astronautas. As informações são do site Space.
O atual ciclo iniciou em dezembro de 2019. As fases anteriores do fenômeno foram consideradas calmas porque houve baixa quantidade de vento sendo expelida pelo Sol, diferentemente do que está ocorrendo agora.
De acordo com os astrônomos da Agência Espacial Europeia (Esa), o atual ciclo pode ser considerado como o mais intenso desde outubro do ano passado. Na atual situação, a estrela tem expelido grande quantidade de vento solar, o que gera manchas e erupções solares de modo mais frequente.
A Esa tem conseguido registrar a queda dos satélites provocada por esse fenômeno. Segundo a agência, eles têm caído com uma velocidade até 10 vezes maior do que era visto em outros períodos. Anja Stromme, diretora da missão Swarm, da Esa, explicou ao Space que nos últimos cinco ou seis anos os satélites caíram cerca de 2,5 quilômetros por ano, mas desde dezembro do ano passado, a queda foi ainda mais acentuada.
— A taxa de queda entre dezembro e abril foi de 20 quilômetros por ano — informou Anja Stromme.
A especialista ainda relatou que todos satélites que estiverem a uma altitude de 400 quilômetros devem apresentar problemas. O ciclo solar também poderá afetar a Estação Espacial Internacional (ISS), que precisará realizar manobras com mais frequência para se manter em sua atual posição.
— Muitos desses (novos satélites) não têm sistemas de propulsão. Eles não têm meios de se levantar. Isso basicamente significa que eles terão uma vida útil mais curta em órbita. Eles voltarão a entrar mais cedo do que durante o mínimo solar (ciclo menos intenso) — contou.
Consequências
O vento solar liberado no ciclo intenso da estrela pode ser definido como uma "força de arrasto" que faz com os objetos espaciais, como satélites, percam sua velocidade gradativamente até caírem na órbita do planeta. Com essa queda, os objetos acabam queimando durante o processo de reentrada na Terra.
Um novo ciclo solar começa sempre que os pólos magnéticos da estrela se invertem. A mudança ocorre a cada 11 anos, quando uma nova fase se inicia.
A relação entre o vento solar e atmosfera terrestre ainda é objeto de estudo dos astrônomos. O que se sabe é que essa interação faz com que o ar mais denso seja deslocado para altitudes mais altas. É exatamente isso o que ocasiona a queda dos objetos espaciais.
— É quase como correr com o vento contra você. É mais difícil, é arrasto, então, isso diminui a velocidade dos satélites e, quando eles desaceleram, eles "mergulham"— resumiu Anja Stromme.