Em sua recente missão a Marte, a agência aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) conseguiu mais um feito inédito: converter dióxido de carbono da atmosfera marciana em oxigênio. É a primeira vez que isso acontece em outro planeta, de acordo com anúncio da Nasa feito na quarta-feira (21).
A extração do oxigênio foi feita por um dispositivo a bordo do Perseverance, um jipe usado pela Nasa que pousou em Marte em 18 de fevereiro. O Perseverance também levou o helicóptero Ingenuity para lá.
— Este é um passo fundamental para transformar o dióxido de carbono em oxigênio em Marte — disse Jim Reuter, administrador associado da direção da missão de tecnologia espacial da Nasa.
O processo não só pode produzir oxigênio para que os futuros astronautas possam respirar como também poderia evitar o transporte de grandes quantidades desse item essencial desde a Terra para usá-lo como propulsor em foguetes na viagem de retorno.
O Experimento In Situ de Utilização de Oxigênio em Marte (Moxie, na sigla em inglês) consiste em uma caixa dourada do tamanho da bateria de um carro e fica na frente e à direita do rover Perseverance. Apelidado de "árvore mecânica", ele usa eletricidade e química para dividir as moléculas de dióxido de carbono, formadas por um átomo de carbono e dois de oxigênio. Como subproduto, também produz monóxido de carbono.
Em sua primeira execução, o Moxie produziu cinco gramas de oxigênio, o equivalente a 10 minutos de oxigênio respirável para um astronauta que executa uma atividade normal.
Os engenheiros do Moxie — projetado para produzir até 10 gramas de oxigênio por hora — agora farão mais testes e tentarão aumentar seu rendimento.
Desenhado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Moxie foi construído com materiais resistentes ao calor, como liga de níquel, para tolerar as temperaturas de 800 graus Celsius exigidas para seu funcionamento. Uma fina camada de ouro assegura que não irradie calor e danifique o Perseverance.
Engenheiro do MIT, Michael Hecht disse que uma versão do Moxie com uma tonelada poderia produzir as 25 toneladas de oxigênio necessárias para um foguete decolar de Marte. Produzir oxigênio na atmosfera marciana, composta em 96% por dióxido de carbono, poderia ser uma opção mais factível do que fazê-lo extraindo gelo sob a superfície e depois submetê-lo a eletrólise.
O Perseverance pousou em Marte para uma missão de busca de sinais de vida microbiana. Seu mini-helicóptero Ingenuity fez história esta semana ao conseguir realizar o primeiro voo em outro planeta. O próprio rover gravou diretamente os sons de Marte pela primeira vez.