
Policial desde os 19 anos, o sargento Luiz Fernando Lussi, 34 anos, dedicava quase todo o tempo livre aos estudos para se tornar oficial da Brigada Militar (BM). Na madrugada deste sábado (8), Lussi morreu após ser atropelado durante uma abordagem na BR-386, no norte do Rio Grande do Sul.
Lussi comandava a guarnição destacada para apreender um veículo roubado na Região Metropolitana. Na noite de sexta-feira (7), a corporação recebeu um informe de inteligência relatando que uma caminhonete Toyota Hilux que havia sido levada mais cedo em Canoas estaria sendo conduzida para o Paraguai. O veículo, com placas clonadas, seguiria pela BR-386, subindo a serra de Fontoura Xavier em direção a Soledade.
Coordenando a operação, o sargento Lussi montou uma barreira logo após a praça de pedágio localizada no km 260 da rodovia. Com duas viaturas e mais três policiais, ele pretendia aproveitar a luminosidade do local e a necessidade de o motorista reduzir a velocidade nas cancelas para fazer a abordagem.
Entretanto, tão logo passou o pedágio, o motorista acelerou. Trafegando pela contramão, atropelou Lussi, que estava na lateral da via, junto às viaturas. O sargento foi socorrido em uma ambulância da administradora do pedágio, mas morreu a caminho do Hospital Frei Clemente, em Soledade.

Militar será sepultado na localidade onde nasceu
Natural da localidade Pontão da Boa União, a 16 quilômetros de Soledade, Lussi era casado e tinha um filho de dois anos. Ele ingressou na BM em 2009, servindo sempre no 38º Batalhão de Polícia Militar (BPM), situado em sua cidade natal.
Filho de agricultores, Lussi foi promovido a sargento em 23 de dezembro de 2021. Formado em Direito desde 2018 pela Faculdade Anhanguera, de Passo Fundo, estava se preparando para o novo concurso para oficiais da BM que está prestes a ser lançado. Também formada em Direito, a esposa Ana Paula da Silva tinha uma loja de roupas no centro da cidade, mas fechou o estabelecimento após o nascimento do filho.
— Perdemos um policial que era referência na região. Fica uma família destruída e um filho de dois anos que nunca mais vai poder abraçar o pai. É uma perda enorme. Quando um policial morre, perdemos uma parte da sociedade — lamentou o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio Feoli.
Caseiro, Lussi pouco era visto fora do ambiente de trabalho. Quando não estava com a família ou estudando, seus raros momentos fora de casa eram jogando futebol ou fazendo churrasco com os colegas de farda. O velório e o sepultamento estão marcados para este domingo (9), no Pontão da Boa União, onde seus pais ainda residem.
— O Lussi era um policial exemplar. Todos os colegas dizem que era sempre muito educado nos atendimentos, dedicado às ocorrências. Era estudioso também. Estamos todos de luto — diz o comandante do 38º BPM, tenente-coronel Marco Morais.
Criminoso foi preso ao amanhecer
Logo após o atropelamento, o condutor da Toyota bateu o veículo e saiu em fuga pelo meio da mata que costeia a rodovia. Policiais de Soledade, Fontoura Xavier e do Pelotão de Choque de Passo Fundo se uniram às buscas e montaram um cerco na região.
No veículo, os policiais encontraram o celular do fugitivo e uma nota fiscal de uma loja de conveniências de um posto de gasolina, emitida à 1h20min em Estrela. No local, os policiais puderam identificar o atropelador em imagens de câmeras de segurança.
Ele acabou preso ao amanhecer, quando tentava retornar à rodovia. Com 24 anos, é natural de São Leopoldo e possui antecedentes por estelionato e direção perigosa, entre outros crimes.