
O corpo de Clara Maria Venâncio Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado na quarta-feira (12), pela Polícia Civil, enterrado no jardim da casa de um ex-colega de trabalho, em Belo Horizonte (MG). A jovem desapareceu no último domingo (9). O suspeito, de 27 anos, foi preso em flagrante junto com um amigo, de 29, que teria ajudado a ocultar o corpo.
De acordo com as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, a vítima teria sido atraída sob pretexto de receber uma dívida de R$ 400. No encontro, foi morta estrangulada, enterrada e concretada. Para a Polícia o crime foi cometido pois Clara Maria teria rejeitado investidas sexuais do principal suspeito, o que o deixou com raiva.
A polícia também descobriu que o suspeito de ocultação de cadáver, já havia brigado com a vítima, pois ele nutria admiração pelo nazismo, o que foi condenado pela jovem.
Outro motivo para o crime seria o interesse do suspeito de 29 anos por necrofilia. Fato que a polícia descobriu na investigação e que levanta suspeitas sobre violência sexual no crime.
Os dois homens foram presos e podem responder por homicídio qualificado, feminicídio e ocultação de cadáver.
Emboscada
Clara Maria teria contado ao namorado que um ex-colega de trabalho, de 27 anos, a quem havia emprestado R$ 400 há três meses, tinha pedido para encontrá-la para devolver o dinheiro. Por isso, na noite de domingo, ela iria para a frente de um supermercado na Avenida Fleming, na Pampulha.
— A dívida foi contraída quando trabalharam no mesmo estabelecimento e usada como desculpa para que o suspeito pudesse encontrá-la, na noite do crime. Essa dívida não estava sendo cobrada pela vítima — contou o delegado Alexandre Oliveira da Fonseca, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), durante entrevista coletiva concedida na quinta-feira.
Como Clara Maria não deu mais notícias após sair para esse encontro, na noite de domingo, o namorado e amigos começaram as buscas por ela e pelo ex-colega, mas não conseguiram esclarecer o caso e comunicaram o desaparecimento à polícia.
A descoberta
A polícia fez uma busca na casa do suspeito, e, ao chegar em frente do local, os PMs já estranharam o cheiro que vinha de dentro do imóvel.
— Já no calçamento foi possível perceber odor característico e semelhante ao de cadáver que exalava pela janela da casa. Também percebemos que havia uma pessoa no interior da residência, que não atendia ao chamado dos policiais — contou o delegado.
A porta foi arrombada e o suspeito, localizado.
Assim que os investigadores entraram na residência, notaram cimento fresco em um corredor. Ao iniciar uma escavação, viram parte de um corpo humano. Diante da situação, o suspeito atribuiu o homicídio a um amigo.
— O suspeito afirmou que apenas ocultara o corpo e que o autor do homicídio seria seu amigo, de 29 anos. Mas, a investigação aponta o contrário: o ex-colega da vítima é quem a enforca, e o amigo o ajuda na ocultação do corpo — afirmou Fonseca.
Motivação
À polícia, o suspeito afirmou que atraiu a vítima até a casa dele para rendê-la e tirar dinheiro de sua conta bancária, por meio do celular dela. Mas, a vítima resistiu e ele decidiu enforcá-la até a morte.
Outra questão que pode ter influenciado no crime é que o suspeito havia tentado namorar a vítima e não foi correspondido.
— Durante as investigações também descobrimos que a vítima já havido sofrido assédio sexual por parte do ex-colega de trabalho e não teria correspondido às investidas. No dia 6 de março, ele teria encontrado com a vítima em um bar e tomado conhecimento de que ela estaria namorando, o que teria lhe deixado com muita raiva — contou o delegado.
O segundo suspeito, de 29 anos, já teria tido uma desavença com a vítima.
— Esse suspeito tem adoração pelo nazismo e, durante uma conversa, a vítima o criticou por tal posicionamento, o que lhe causou profunda ira. Além disso, ele também tem interesse em necrofilia, o que pode indicar abuso sexual. Todos esses fatores se juntam com a outra motivação, de roubo, e criam este cenário para o crime — disse Fonseca.
Outra vítima?
Ao ser questionado sobre o paradeiro de Clara Maria por uma das amigas dela, antes da prisão, o primeiro suspeito chegou a dar o endereço dele, que é o local onde o corpo da vítima foi encontrado. Ele chegou a marcar um encontro com uma amiga da vítima, nesta quarta-feira.
— Esse encontro não aconteceu porque nós o prendemos antes. Mas possivelmente ela seria uma próxima vítima — disse o delegado.