
O que começou como um comércio informal no trensurb realizado por pessoas em situação de vulnerabilidade avançou para uma ação de um grupo criminoso e culminou, nesta quarta-feira (19), na Operação Terminal, da Polícia Federal (PF) na Região Metropolitana.
Em entrevista ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, nesta quarta (19), o diretor de Operações da Trensurb, Ernani Fagundes, afirmou que o grupo se autodenominava "shopping trem".
A ação mirou vendedores ambulantes que se organizaram de modo a comandar a venda de produtos em estações e dentro dos trens. Eles também são investigados por ameaçaram funcionários da empresa que tentavam coibir a presença deles.
O número de pessoas suspeitas dos crimes não foi informado. Eles são investigados por comércio ilegal, extorsão e ameaças. Conforme a PF, a investigação ainda está em andamento e serão adotadas outras medidas "que não podem ser reveladas no momento".
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços residenciais de Porto Alegre e São Leopoldo. Conforme a PF, foram apreendidos telefones celulares, mas não foram encontradas armas, nem drogas. Ninguém foi preso.
Denúncias
O trabalho policial começou a partir de denúncias de vendedores ambulantes coagidos a pagarem uma quantia para não ficarem impossibilitados de vender itens diversos dentro dos trens e em estações da Trensurb.
Foi o que aconteceu com um vendedor informal ouvido por Zero Hora. Morador da zona norte de Porto Alegre, o homem tentou comercializar paçocas em um trem, em novembro de 2024, acompanhado do filho.
— Descemos em Canoas para pegar o próximo trem e, nisso, desceram dois caras atrás de nós. Eles disseram que, ali, o grupo deles já vendia e que eu não fazia parte. E que eu só poderia vender de São Leopoldo em diante - relata o homem, que pediu para não ser identificado.
Após a abordagem, ambos foram vender os itens nas ruas de Novo Hamburgo. Com receio da insegurança, decidiram não tentar mais comercializar dentro de trens.
Terceira maior queixa
A Trensurb saudou a operação da PF. O diretor de Operações da empresa destacou que a abordagem de ambulantes aos passageiros dentro dos trens é, hoje, a terceira maior queixa registrada na empresa. Segundo Fagundes, o comércio informal não poder ser encarado como algo "ingênuo".
— Muitas vezes, há um equívoco por parte de alguns usuários. Acham que, quando a gente aborda, está tirando o trabalho de quem está vendendo para ganhar o pão de cada dia. Mas estamos descobrindo que, por trás disso, existe um crime organizado — relata o diretor.