O delegado Marco Guns, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Canoas, afirmou que o porteiro de um condomínio envolvido em enfrentamento com agentes da Brigada Militar prestará depoimento na próxima segunda (30) ou terça-feira (31).
O suspeito teria dificultado o acesso dos policiais ao condomínio e arremessado pedras e fogos de artifício. Moradores teriam feito o mesmo desde as janelas dos apartamentos. Depois da iniciativa, admitida por habitantes do local, o porteiro foi detido e conduzido à Delegacia de Polícia, mas o delegado de plantão não autuou a prisão em flagrante. Isso levou o empregado a ser liberado. Ele responderá em liberdade ao inquérito, que irá tramitar na 1º DP de Canoas.
Guns destaca que um porteiro do mesmo condomínio já atravancou o acesso em operações policiais no passado recente. Um dos primeiros objetivos do delegado é confirmar se o porteiro da ocorrência atual é o mesmo das anteriores. Sobre a existência de um segundo preso, o delegado Guns afirmou desconhecer a hipótese. A Polícia Civil acredita ter elementos que comprovariam o uso de pelo menos parte do condomínio para atividades de tráfico de drogas e uso de armas de fogo.
Após o confronto e a detenção do porteiro, pessoas ainda não identificadas atearam fogo em carros em Canoas e Nova Santa Rita. Guns avalia que os fatos estão correlacionados. Ele verificou que, somente em Canoas, foram incendiados dez veículos em oito locais. De todos eles, apenas um estava em funcionamento. Os outros eram automóveis danificados pela enchente. Todos os fatos da ocorrência aconteceram entre quinta (26) e sexta-feira (27).
O inquérito apura os eventuais delitos de resistência dolosa e dano qualificado. Uma viatura da Brigada Militar teve o vidro quebrado por apedrejamento e um transformador de energia foi danificado. De outro lado, um Inquérito Policial Militar (IPM) apura se houve excesso de força na abordagem policial.
Identificar todas as pessoas é difícil. O mais importante é determinar a ordenação para os incêndios nos veículos. É onde pode estar uma facção criminosa por trás. Seria a da região ou uma rival?
MARCO GUNS
Delegado da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Canoas.
Com o conflito, a Brigada Militar reforçou o policiamento cotidiano no entorno do condomínio e está fazendo abordagens. Por isso, não se descarta que a ordem para os incêndios tenha partido de grupo rival. O objetivo seria embaraçar os supostos negócios ilícitos dos concorrentes.
Antes dos fatos em investigação, a Brigada Militar foi chamada por mais de uma vez para atender ocorrência na região: um homem não identificado estaria fazendo disparos de arma de fogo a esmo na rua.
Quando as viaturas chegaram ao local, o suposto atirador, ao perceber a investida, teria ingressado no condomínio que fica na Rua Campinas, no bairro Mathias Velho, em Canoas. Foi na sequência deste momento que o porteiro teria dificultado o acesso e recebido os policiais militares com as agressões.
Na reação, os policiais ingressaram no local, um residencial privado, e detiveram o porteiro. Moradores denunciaram truculência na ação e um vídeo gravado de dentro do condomínio mostra um homem sendo derrubado e, possivelmente, agredido com o que parece ser um safanão.
Também justificaram que o portão teria demorado a abrir por estar emperrado. Os residentes ainda protestaram contra o ingresso da Brigada Militar em um ambiente privado sem a existência de mandado.
— Eles não podem entrar aqui espancando todo mundo — reclamou uma das condôminas.
Tanto o delegado Guns quanto o coronel Márcio de Azevedo Gonçalves, responsável pelo Comando de Policiamento Metropolitano, afirmaram que, em situação de flagrante delito, os policiais militares poderiam ingressar no local mesmo sem ordem judicial.
O crime em flagrante inicial seria o homem armado que teria entrado no residencial. Depois, vieram a suposta obstrução do portão e o arremesso de fogos de artifício e pedras. Não houve registro de policiais feridos.