A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou cerca de uma hora até ser liberada para prestar socorro ao preso Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson, na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). Apontado como chefe de uma organização criminosa do Estado, ele foi baleado na ala de triagem por um detento de um grupo rival e morreu horas depois.
De acordo com a prefeitura de Canoas, a equipe do Samu foi acionada às 17h40min de sábado (23) e chegou ao presídio às 17h55min. O primeiro atendimento no local foi realizado às 18h50min.
Jackson foi levado para o Hospital Nossa Senhora das Graças. Lá, deu entrada às 19h39min, conforme o Executivo municipal. O preso morreu às 22h.
A prefeitura não informou o motivo da demora e sugeriu que isso só poderia ser esclarecido com a administração da penitenciária.
A Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo informou que o tempo decorrido entre a chegada do Samu ao complexo prisional e a realização do primeiro atendimento está sob investigação em um procedimento interno e que, por esta razão, não pode dar mais informações.
Carta à mão pedia transferência
Em uma carta escrita à mão um dia antes de ser morto, Jackson pediu transferência do local temendo "alguma falha na segurança". A existência do documento foi confirmada pelo governo do Estado. Cinco servidores foram afastados, incluindo o funcionário que recebeu o pedido e o diretor da penitenciária.
Arma teria ingressado por drone
Conforme a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, a suspeita é de que a arma que matou Jackson tenha ingressado no presídio por meio de um drone. Na madrugada anterior ao episódio, houve registro de sobrevoo na região.
"A galeria tem sofrido constantes tentativas de entregas de ilícitos por drone, sendo interceptado pelos agentes. Na madrugada anterior ao fato, houve um registro de sobrevoo de drone, momento em que servidores revistaram a galeria e retiraram um rádio e drogas", disse a pasta.
A arma utilizada no ataque dentro da cadeia, uma pistola 9 milímetros, foi apreendida. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do crime. No fim de semana, dois supostos responsáveis pelo ataque foram identificados.
Quem era o preso morto
O preso morto dentro da cadeia foi identificado como Jackson Peixoto Rodrigues, de 41 anos. Nego Jackson, como era conhecido, era apontado como chefe de uma organização criminosa do RS.
De acordo com o Comando de Policiamento Metropolitano, Jackson tem ligação com 29 homicídios. São assassinatos em que ele teria participação como mandante ou executor. A lista de antecedentes criminais do homem ainda inclui tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em 2017, Nego Jackson foi preso pela polícia do Paraguai. Ele foi capturado na cidade de Pedro Juan Caballero com outros três comparsas. Na ocasião, o chefe de polícia do RS declarou que o criminoso era o procurado número 1 do Estado.
Jackson deu entrada no presídio federal de Porto Velho (RO) e pediu para ser recolhido no espaço destinado aos presos vinculados a uma organização criminosa do Rio de Janeiro.
Em 2020, Jackson foi transferido para o RS. O trâmite contou com escolta reforçada e aparato de segurança para a chegada dele no Aeroporto Salgado Filho. Do terminal, foi levado até a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).