A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra os cinco acusados pela chacina de 10 pessoas da mesma família foi aceita pelo Tribunal do Júri de Planaltina, no Distrito Federal (DF), na terça-feira (7). Com isso, Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira, Carlos Henrique Alves da Silva e Fabricio Silva Canhedo agora são réus. As informações são do portal g1.
Segundo a polícia, os crimes foram motivados pelo interesse nas terras em que parte da família morava, avaliadas em R$ 2 milhões. O inquérito que apura o caso foi concluído no dia 27 de janeiro. Os investigadores explicaram que, além de querer ficar com a chácara, o grupo indiciado sabia que uma das vítimas havia vendido uma propriedade por R$ 200 mil e recebido uma parcela de R$ 79 mil em dinheiro. Parte do plano era roubar esse valor, além de obter cartões, senhas e fazer saques em bancos.
Segundo o delegado Ricardo Viana, que apurou o caso, as 10 mortes, que incluíram três crianças, com idades entre seis e sete anos, foram premeditadas. O grupo acreditava que, se toda a família fosse assassinada, o terreno não teria herdeiros.
De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a denúncia aceita na terça-feira foi oferecida no dia 2 de fevereiro. Segundo o órgão, foi montada uma força tarefa para atuar no caso.
O MP informou ainda que os réus são acusados de mais de cem crimes. Caso sejam condenados, as penas podem somar 385 anos de prisão.
Além deles, o adolescente que participou do crime está apreendido e será réu por atos infracionais.
Veja os crimes atribuídos a cada réu:
Gideon Batista de Menezes
- homicídio triplamente qualificado: emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime;
- homicídio duplamente qualificado: uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e intenção de obter impunidade para outro crime;
- ocultação e destruição de cadáver;
- corrupção de menores;
- sequestro e cárcere privado;
- extorsão mediante sequestro;
- constrangimento ilegal com uso de arma;
- associação criminosa;
- roubo.
Horácio Carlos Ferreira Barbosa
- homicídio quadruplamente qualificado (emprego de meio cruel, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, intenção de obter impunidade para outro crime e vítima menor de 14 anos);
- homicídio triplamente qualificado;
- homicídio duplamente qualificado;
- ocultação e destruição de cadáver;
- corrupção de menores;
- extorsão mediante sequestro;
- sequestro e cárcere privado;
- constrangimento ilegal com uso de arma;
- associação criminosa;
- roubo;
- fraude processual (ato de modificar intencionalmente dados de processo, com intuito de levar juiz ou perito a erro).
Carlomam dos Santos Nogueira
- homicídio quadruplamente qualificado;
- homicídio triplamente qualificado;
- extorsão mediante sequestro;
- corrupção de menor;
- ocultação e destruição de cadáver;
- sequestro e cárcere privado;
- ameaça com uso de arma;
- associação criminosa;
- constrangimento ilegal com uso de arma;
- roubo.
Carlos Henrique Alves da Silva
- homicídio duplamente qualificado;
- sequestro;
- cárcere privado.
Fabricio Silva Canhedo
- extorsão mediante sequestro;
- associação criminosa;
- roubo;
- fraude processual.
Quem são as vítimas
- Elizamar Silva, 39 anos: cabeleireira;
- Thiago Gabriel Belchior, 30 anos: marido de Elizamar Silva;
- Rafael da Silva, seis anos: filho de Elizamar e Thiago;
- Rafaela da Silva, seis anos: filha de Elizamar e Thiago;
- Gabriel da Silva, sete anos: filho de Elizamar e Thiago;
- Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54 anos: pai de Thiago e sogro de Elizamar;
- Renata Juliene Belchior, 52 anos: mãe de Thiago e sogra de Elizamar;
- Gabriela Belchior, 25 anos: irmã de Thiago e cunhada de Elizamar;
- Cláudia Regina Marques de Oliveira, 54 anos: ex-mulher de Marcos Antônio;
- Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19 anos: filha de Cláudia e Marcos Antônio.
Entenda a cronologia do caso
- 28/12/22 — Marcos Antônio, Renata Juliene Belchior, e a filha do casal, Gabriela Belchior de Oliveira, foram rendidos por supostos assaltantes. A ideia inicial, conforme a polícia, seria apenas rendê-los, mas Marcos Antônio teria reagido ao suposto assalto e foi baleado na nunca por Carlomam. Atingido, ele foi levado, com Renata Juliene e Gabriela, para a casa usada como cativeiro, em Planaltina (DF). Na mesma noite, Marcos Antônio foi esquartejado, ainda vivo, por Gideon e Horácio Carlos. A dupla enterrou a vítima em uma cova improvisada no terreno.
- 04/1/23 — Os criminosos levaram Cláudia Regina e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, para o local do cárcere, conforme a polícia. O grupo rendeu a vítima ao simular, se passando por Marcos Antônio, que Gideon e Horácio Carlos ajudariam na mudança para a nova casa de Cláudia Regina, pois ela havia vendido o imóvel anterior. Quando Cláudia Regina e a filha Ana Beatriz entraram na casa nova, acabaram rendidas por Carlomam e foram levadas para cativeiro.
- 12/1 — Thiago recebeu bilhete que o chamava, com a esposa Elizamar e os filhos, para ir até a chácara onde vivia o pai, Marcos Antônio. Ao chegar no local, conforme apuração da polícia, Thiago foi rendido. Elizamar e os filhos chegaram mais tarde ao local e também foram feitos reféns. De lá, os criminosos teriam seguido até Cristalina, em Goiás, com Elizamar e os três filhos dela. As vítimas foram asfixiadas e o carro foi queimado. Conforme apuração, Thiago foi mantido no cativeiro.
- 14/1 — Segundo a polícia, Carlomam, Horário e Gideon dirigiram levando Renata Juliene e Gabriela, no carro de Marcos Antônio, até Unaí, em Minas Gerais. Lá, eles teriam sido asfixiadas e o veículo foi incendiado com os corpos dentro.
- 15/1 — Thiago, Cláudia Regina e Ana Beatriz foram retirados do cativeiro ainda com vida. Apuração apontou que eles foram levados para um terreno, a cerca de 5 quilômetros de onde estavam, onde foram esfaqueados perto de uma cisterna. Em seguida, os assassinos jogaram os cadáveres das vítimas dentro do poço.
- 17/1 — Três suspeitos são presos: Gideon, Horácio e Fabrício Silva. Horácio cita Thiago e Marcos Antônio como mandantes do crime — essa hipótese chegou a ser apurada.
- 25/1 — A polícia prendeu o quarto suspeito de ter participado do crime: Carlomam dos Santos Nogueira, se apresentou na delegacia do município de São Sebastião, em Brasília.
- 26/1 — Na madrugada da quinta-feira (26), o quinto suspeito de ter participado do crime foi detido em Itapoã, no Distrito Federal.
- 08/2 — Os cinco acusados pela chacina viram réus pelos crimes cometidos.