A Polícia Civil prendeu no final da noite de quinta-feira (17), em Estância Velha, no Vale do Sinos, um suspeito de ser contratado por uma facção criminosa para preparar a cocaína distribuída pelo grupo. O homem, que teria se especializado em química para desempenhar a função, foi detido em flagrante em um laboratório, onde havia 176 quilos da droga e de insumos.
A ação foi coordenada pelo titular da 3ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Gabriel Borges, que avaliou ter causado um prejuízo de R$ 2 milhões à organização criminosa. A investigação continua para apurar não só os responsáveis por fornecer e distribuir o entorpecente, mas também saber se outras pessoas com este tipo de conhecimento técnico têm atuado para traficantes. Este é o segundo caso semelhante verificado em menos de um mês pelas autoridades de segurança no Rio Grande do Sul.
Borges ressalta que o especialista, de 31 anos, que tem antecedentes criminais, realizou vários cursos técnicos na área e por isso foi procurado pelos criminosos. Ele, que não teve o nome divulgado, foi detido em um veículo HB20 no momento em que saía do laboratório. No carro, em fundo falso no painel, atrás do rádio, havia seis quilos de cocaína. O suspeito era investigado há 20 dias e foi monitorado continuamente nas últimas 48 horas.
Depois da abordagem, os agentes do Denarc ingressaram no imóvel, uma casa sem vista para o interior, com grades nas aberturas e várias câmeras de vigilância. O delegado afirma que havia 10 baldes, de 25 litros cada um, contendo cocaína e insumos importados da China, como codeína (analgésico derivado do ópio), cafeína e tetracaína (anestésico).
Produção de cocaína
Borges diz que a cocaína pura era trazida do Peru. O trabalho do suspeito preso seria aumentar a quantidade do narcótico e também os efeitos. Para cada quilo da droga pura, seriam produzidos — por meio de compostos químicos — pelo menos mais três quilos. Tudo era manipulado dentro do laboratório em Estância Velha.
O total produzido por mês chegada a cem quilos de cocaína. O produto era fracionado no local para ser transportado em pequenas quantidades, com o objetivo de não atrair a atenção da polícia e de rivais.
— O objetivo destes traficantes era fazer uma produção em larga escala de cocaína distribuída não só para o Rio Grande do Sul todo, mas também para fora do Estado. Este ano, somente a 3ª Delegacia do Denarc já apreendeu cerca de 600 quilos de cocaína na Região Metropolitana — diz Borges.