Sete mortes foram registradas em diferentes regiões de Porto Alegre em dois dias. Os casos aconteceram nas Zonas Norte, Leste e Sul entre domingo (3) e segunda-feira (4) e são investigados pela polícia. Até o momento, não há indícios de que os atentados tenham ligação.
Segundo a Polícia Civil, os homicídios teriam motivações diversas: um seria fruto de disputa interna de um mesmo grupo criminoso, outro seria conflito entre duas facções que fez um homem de refém e promoveu ataques em sequência e um terceiro seria um possível acerto de contas.
O caso com mais vítimas foi registrado na Zona Norte, onde quatro pessoas foram mortas no final da noite de segunda-feira (4). Uma delas é uma mulher de 21 anos, que estava grávida. Ela foi encontrada morta na Rua Wolfram Metzler, no bairro Rubem Berta.
Conforme a polícia, a mulher seria uma das gerentes de um ponto de drogas na região. A investigação apontou que ela estaria tentando se desvincular do crime. As equipes acreditam que o ataque poderia ter como alvo o marido dela, também gerente do tráfico local.
Naquela noite, o ponto de drogas chefiado pelo casal também foi atacado e outras três pessoas, além da mulher grávida, foram mortas. As vítimas são dois homens, de 43 e 41 anos, e outra mulher, de 21, que foram executados na Rua Afonso Moacir Cerioli. Conforme a investigação, o homem de 43 seria um traficante local. As outras duas vítimas seriam usuários de droga — a polícia investiga se eles tinham ligação com o grupo criminoso.
A principal hipótese da polícia para essas quatro mortes é de que duas lideranças da mesma facção, que atua no local, estariam disputando o comando do tráfico naquele ponto.
— Seria uma disputa interna pelo comando do tráfico no local, pelo domínio naquela região. Uma briga entre dois líderes do mesmo grupo criminoso que, antes, tinham uma relação estável, mas em razão de alguns acontecimentos, que ainda serão apurados, se estabeleceu uma animosidade e ocorreram esses ataques. Mas é algo isolado, interno dessa facção. Tudo vem sendo investigado e não descartamos nenhuma hipótese, mas em princípio essas mortes não têm ligação com as registradas em outros bairros — explica o delegado responsável pelo inquérito, Gabriel Lourenço, da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Homem refém e ataques em sequência
Outro ataque aconteceu na zona leste da Capital, no fim da madrugada de segunda-feira (4). Conforme a delegada Isadora Galian, da 1ª Delegacia de Homicídios, um grupo abordou um homem que estava em um veículo e o fez de refém. Ele foi obrigado a dirigir para o criminoso enquanto, de dentro do carro, eles faziam disparos a quem passava pelas ruas.
Sandro Gilberto Lopes Silva Junior, 21 anos, foi baleado e não resistiu. Segundo a polícia, ele era deficiente físico, não tinha uma das pernas e usava muletas. A polícia acredita que ele estaria indo comprar drogas e acabou sendo atingido na Rua Tenente Castelo, Vila João Pessoa, por volta das 5h45min.
O grupo também fez disparos contra outras duas pessoas, que deram entrada no Hospital de Pronto-Socorro da Capital após serem atingidas. Conforme a Polícia Civil, os casos foram registrados na Rua Daniela Perez. Nenhum dos homens corre risco de morrer.
Depois dos atentados, o homem feito refém foi liberado pelos criminosos.
— Nós estamos investigando se o homem que morreu, os dois que foram baleados e o que foi feito refém teriam ligação com o crime ou se foram escolhas aleatórias, além de apurar também quem são os responsáveis pela ação. O que se sabe até o momento é que esses ataques ocorreram em razão de uma disputa entre duas facções na região, isso não temos dúvida. Seria uma retaliação de um grupo contra o outro, em razão de uma morte registrada no mês passado. Estamos verificando se eles queriam executar alguém específico ou causar esse tumulto na região do grupo rival — diz Isadora.
Mortes na Zona Sul
As outras duas mortes foram registradas em bairros da zona sul da cidade. A primeira aconteceu no domingo (3), quando Marcelo Silva de Oliveira, 20 anos, foi encontrado morto com diversos disparos no peito. Ele foi localizado na Avenida Teresina, no bairro Medianeira. Segundo as equipes, o homem não tinha antecedentes policiais. A autoria e motivação do crime ainda são investigados.
A outra morte aconteceu no início da manhã de segunda. O corpo de Michael da Silva Ferreira, 39 anos, foi encontrado com disparos na cabeça na Rua Jorge Simon, no Santa Tereza.
Segundo a polícia, imagens de câmeras de segurança mostram o corpo do homem sendo arrastado até o local. Ao menos três pessoas aparecem na gravação. Elas não foram identificadas até o momento.
— Acreditamos que essa morte no Morro Santa Tereza seria um acerto de contas entre os próprios criminosos da região. Até o momento, não há indícios de que essas duas mortes tenham ligação entre si nem relação com os demais homicídios registrados na cidade — afirma o delegado Newton Martins de Souza Filho, da 6ª Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital.