A investigação do ataque a um carro-forte em Guaíba, na antevéspera do último Ano-Novo, além de identificar uma rede de participantes que deu apoio logístico à organização criminosa, também revelou que um mesmo suspeito deste caso pode ter participado do assalto a banco com a morte de um policial na cidade de El Soberbio, na Argentina, em 2015.
Material genético coletado em uma tolha achada em um carro usado por criminosos no roubo no país vizinho coincidiu com o DNA do principal suspeito do crime de Guaíba: Maurício da Silva, o Mauricinho.
A 1ª Delegacia de Repressão a Roubos concluiu a investigação do assalto de Guaíba e indiciou 24 pessoas. Elas são apontadas como participantes diretas do roubo ou são suspeitas de terem auxiliado a quadrilha com armas, roupas e equipamentos de proteção, fornecido carros para a ação ou ajudado na fuga.
GZH apurou que entre os indiciados estão Maurício, que havia rompido tornozeleira eletrônica, Márcio Vargas, que cometeu o assalto usando tornozeleira, José Cristiano Botelho Rodrigues e Evertom Edwilson Rodrigues, que eram vigilantes de outra empresa, e Charles Alaor Barbosa.
Na conclusão do inquérito, investigadores detalham como foram obtidas armas e carros para a ação, as roupas imitando as da polícia e coletes balísticos, além do papel de cada um na execução do ataque e, depois, na fuga. Entre os indiciados, há pessoas que monitoraram o pós-assalto, para ajudar a resgatar os criminosos que estavam escondidos na Ilha do Pavão.
Já a suspeita de que Mauricinho, o homem apontado como líder da organização investigada e mentor do assalto em Guaíba, também teria participado de um ataque a banco na Argentina, em 2015, no qual um policial foi morto, surgiu a partir do trabalho pericial.
A primeira etapa foi a indicação, pela perícia, de que Mauricinho estava no assalto de Guaíba. A análise de uma amostra coletada no painel de um dos carros usados na fuga — que seria cuspe seco — e material obtido no bocal de uma bolsa que também estava no veículo, concluiu ser material genético de Mauricinho. As amostras foram comparadas com sangue do criminoso.
Em outra parte do trabalho, o DNA de Mauricinho foi lançado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) no banco de perfis genéticos e deu coincidência com material coletado a partir do assalto na Argentina. Na época, brasileiros suspeitos do ataque foram presos e investigados pela Polícia Federal de Santo Ângelo. Carros usados na fuga e materiais, como uma toalha, foram apreendidos e periciados. Os resultados ficaram armazenados e, agora, houve essa descoberta a partir da comparação.
O delegado João Paulo de Abreu, da 1ª Delegacia de Repressão a Roubos, disse que os brasileiros presos à época estão prestes a serem julgados pela 9ª Vara Criminal de Porto Alegre. A suspeita de participação de Mauricinho no ataque, que resultou em um policial morto e outro gravemente ferido, será apurada em nova investigação.
Mauricinho foi preso pela Polícia Civil em Canoas durante Operação Pavão, em maio. Ele tentou escapar e se escondeu na chaminé de uma churrasqueira. Na casa em que estava, a polícia encontrou roupas e materiais que teriam sido usados no ataque em Guaíba.
Bruno Reis também foi capturado na operação, mas foi colocado em liberdade pela Justiça. Márcio Vargas, o Papa-Léguas, segue foragido. Evertom Edwilson Rodrigues Penteado se apresentou à polícia, teve prisão preventiva decretada e segue preso. José Cristiano Botelho Rodrigues e Charles Alaor Barbosa estão presos desde o dia do assalto.
Contrapontos
O que diz Lucas Basílio Teixeira, advogado de Maurício da Silva
A defesa discorda veementemente da forma que se deram as investigações e a prisão do acusado, o que, inclusive, já está sendo apurado em via judicial e administrativa e certamente trará surpreendente desfecho à persecução criminal.
O que diz José Nicolau Lottermann, advogado de Bruno Rafael Reis
Prefiro não me manifestar neste momento.
O que diz a defesa de Everton Edwilson Rodrigues Penteado
GZH deixou recado, mas não obteve retorno.
O que diz a defesa de Márcio Vargas
GZH tenta contato com a defesa de Vargas.
O que diz a defesa de José Cristiano Botelho Rodrigues
GZH deixou recado, mas não obteve contato.
O que diz a defesa de Charles Alaor Barbosa
GZH deixou recado, mas não obteve retorno.