Dois vigilantes da empresa Geseg - Grupo Especial de Segurança são suspeitos de envolvimento no assalto ocorrido em 29 de dezembro de 2021, em Guaíba, na Região Metropolitana, contra um carro-forte da TBForte.
Um deles, José Cristiano Botelho Rodrigues, foi preso em flagrante no dia do roubo, já que dirigia um dos carros usados para a fuga dos criminosos. O outro, Evertom Edwilson Rodrigues Penteado, teve prisão decretada pela Justiça e se apresentou na manhã desta quarta-feira (25) no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A 1ª Delegacia de Roubos deflagrou, nesta quarta, a Operação Pavão para cumprir — em nove cidades — 64 mandados de busca e apreensão e nove de prisão contra suspeitos de envolvimento no crime. Até as 10h, oito dos nove alvos de ordens judiciais haviam sido presos — outras três pessoas foram detidas em flagrante por porte de munição e outros materiais.
Entre os suspeitos também está o chefe de equipe dos vigilantes que foram atacados em Guaíba, Bruno Rafael Reis, funcionário da TBForte. Ele foi preso na noite de terça-feira (24).
"Bico" no dia do ataque
Conforme a investigação, foi Botelho quem disse a um supervisor da empresa que, em 29 de dezembro, teria um "bico" para fazer. Ele foi liberado do trabalho naquele dia e acabou sendo preso em flagrante depois do ataque.
Botelho já era suspeito de outro assalto, ocorrido em 2018, na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, quando um grupo tentou abrir caixas eletrônicos. Em 2020, quando já trabalhava na Geseg, foi preso por policias federais no local de trabalho por causa dessa suspeita. Depois de solto, seguiu na empresa como vigilante até ser preso em flagrante.
Conforme a Polícia Federal, responsável por fiscalizar empresas de vigilância privada, Botelho fez curso de reciclagem em setembro de 2021 e apresentou certidões negativas. Uma portaria da PF proíbe que a pessoa que responda a inquérito ou processo criminal trabalhe como vigilante. Mas uma decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região determinou que o vigilante só pode ser impedido de trabalhar depois que tiver condenação com trânsito em julgado. Desta forma, não havia impedimento legal para Botelho atuar. Mantê-lo como funcionário era uma decisão apenas da empresa.
Penteado também não foi trabalhar no dia do assalto. Alegou que uma filha estava doente. Horas depois do ataque, já à tarde, apareceu na sede da Geseg com a filha, que estaria com problemas de saúde. À noite, trabalhou normalmente.
A polícia diz ter reunido elementos que comprovam a presença do vigilante nas proximidades do local do assalto e durante a fuga. Ele teria dirigido um dos veículos usados pelo grupo e teria escapado depois de abandonar o carro e pegar um ônibus.
Contrapontos
O que diz a empresa Geseg:
Um homem que diz ser diretor da empresa, mas não quis informar o nome, disse que não comentaria a situação de Botelho, que seguiu trabalhando na empresa mesmo depois de ser preso pela Polícia Federal por suspeita de assalto. E informou que, quanto a Penteado, a empresa colaborou com a polícia.
O que diz a empresa TBForte:
A TBForte esclarece que o vigilante citado não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia. Sempre que ocorre um incidente, a empresa cumpre a norma da portaria regulatória da Polícia Federal no sentido de realizar as apurações internas, além de adotar as providências corporativas e apoiar as autoridades locais com as investigações.