Em um raio de 300 metros do prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, todos os imóveis precisarão ser desocupados na manhã do próximo domingo (6). É quando o edifício na Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, atingido por incêndio em julho do ano passado, será implodido. Como medida de prevenção, 54 comércios e residências foram mapeados e são notificados para que não abriguem pessoas ou animais durante a detonação, prevista para as 9h.
Somente os moradores ou ocupantes daquela que é considerada área de risco precisarão deixar os imóveis – o trânsito será isolado num perímetro maior, com 14 pontos de bloqueio. Cada residência ou estabelecimento recebeu ou receberá a notificação impressa. Nela, além do aviso sobre data e horário da detonação, constam as medidas de segurança que precisam ser adotadas pelos moradores e por suas famílias.
Desde a última sexta-feira (25), a Defesa Civil já está visitando esses pontos, e as notificações devem ser encerradas ainda nesta quarta-feira (2). Em alguns locais, foi preciso realizar a visita mais de uma vez para que o informativo fosse entregue. As equipes poderão revisitar alguns imóveis, reforçando as orientações nos próximos dias. O perímetro a ser desocupado compreende a Voluntários, entre as ruas Ramiro Barcelos e Ernesto Alves, passando pela Comendador Coruja, em direção à Avenida Farrapos. No domingo, a evacuação terá início às 7h e deve ser encerrada até 8h.
— A grande maioria dos imóveis são empreendimentos comerciais, como lavagem de veículo, uma recicladora de lixo, igrejas, um restaurante. Há poucas residências mesmo, a maioria é de serviços e comércios. Isso facilita o trabalho porque praticamente todos os empreendimentos comerciais não abrem em domingos — afirma o coronel Marcus Vinicius Gonçalves de Oliveira, subchefe da Defesa Civil do Estado.
A área da rodoviária também ficará isolada – chegadas e partidas de ônibus entre 7h e 12h ocorrerão no Terminal Conceição. Os três hotéis (Express, Continental e o Ritter) que ficam Largo Vespasiano Júlio Veppo, em lado oposto à rodoviária, não serão esvaziados, já que estão fora do perímetro dos 300 metros. No entanto, também terão a mobilidade controlada. Os hóspedes serão orientados a se adiantarem, caso precisem deixar o local, ou permanecerem nos quartos durante a implosão.
— A partir das 8h, vamos bloquear a entrada e saída. Quem estiver lá dentro, terá que permanecer, até ser liberada a movimentação. Os que estiverem fora, precisarão também aguardar a liberação para se aproximarem — detalha o coronel.
Além dos moradores das residências, pessoas que vivem nas ruas no entorno do prédio também serão orientadas, com auxílio da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) de Porto Alegre, para que não permaneçam na área de risco. No domingo, a Brigada Militar fará a vistoria nos locais durante a manhã, antes da implosão, para conferir se a desocupação foi concluída.
— É essencial que todos sigam as orientações. Essa é uma operação delicada, que depende da ajuda de todos. Sobre os animais, ainda que a empresa que fará a implosão garanta que será o mínimo possível, há essa preocupação quanto ao barulho, que pode fazer com que eles se assustem. É essencial que todos adotem as medidas — diz o coronel Júlio César Rocha Lopes, chefe da Casa Militar e coordenador estadual da Defesa Civil.
No domingo, serão emitidos cinco alertas sonoros antes da implosão do prédio. O primeiro será às 8h e o último, às 8h59min, quando inicia a contagem regressiva. Após, os moradores precisarão aguardar uma nova sirene, que indicará o momento no qual a área estará liberada. A estimativa é de que as pessoas só precisem permanecer fora de suas residências até as 9h30min.
Outros serviços
Além dos comércios e residências, haverá outros locais que permanecerão fechados. Entre eles, está a 17ª Delegacia de Polícia. Quem necessitar de atendimento presencial poderá procurar a 1ª Delegacia de Polícia, na Rua Riachuelo, 613, no Centro. A maioria das ocorrências também pode ser registrada pela internet, por meio da Delegacia Online.
Os prédios do futuro Centro Regional de Excelência em Perícias Criminais, onde já está alocada parte dos setores administrativos do Instituto-Geral de Perícias (IGP), e a sede do Grupo de Ações Especiais (Gaes), da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), também serão evacuados. Não haverá impacto nos serviços desses órgãos, pois não há atendimento ao público nesses locais.
Segundo o comandante da Defesa Civil no Estado, a instituição nunca havia realizado trabalho semelhante. Por isso, procurou estudar as formas como outras equipes de Defesa Civil no Brasil atuaram durante implosões. Entre os Estados consultados estão Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.
— O Rio de Janeiro, por exemplo, teve a implosão da Palace II. Em Minas, teve um viaduto (Batalha dos Guararapes, em Belo Horizonte, implodido em 2014), no qual a operação de retirada de pessoas foi extremamente importante, já que havia muitas residências próximas. Como não tínhamos essa experiência aqui, fomos buscar, estudar, para que ela seja realizada da melhor forma possível. Para o sucesso dessa operação, dependemos também da comunidade — afirma o coronel Rocha.
Orientações
É necessário desocupar o imóvel até as 8h do domingo, dirigindo-se para além dos limites de segurança estabelecidos pela Defesa Civil. Caso esteja ausente na data, informar aos vizinhos e conhecidos sobre sua ausência. Antes de sair da moradia, é preciso:
- Conferir se o registro do gás (botijão) está fechado;
- Verificar se as portas e janelas estão fechadas;
- Desligar a chave geral de energia de sua residência;
- Não deixar veículos estacionados nas ruas bloqueadas;
- Levar seus animais de estimação.