Uma perícia realizada na residência onde vivia o casal Liziane Beatriz Bastos, 26 anos, e Jandir Scarantti, 28 anos, em Santa Rosa, na Região Noroeste, deve ajudar a polícia a compreender a trama que resultou na morte dos dois.
O corpo da jovem foi localizado na última sexta-feira (28), em Novo Machado, após o companheiro ter sido encontrado morto, um dia antes. A suspeita é de que ele tenha assassinado Liziane e cometido suicídio.
Na noite desta segunda-feira (31), uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Santo Ângelo esteve na moradia. Eles utilizaram luminol – substância que permite identificar vestígios de sangue.
Um dos pontos que a polícia tenta esclarecer é se Liziane foi morta nesta residência e depois teve o corpo transportado até Novo Machado. Parte dos restos mortais da jovem, que teve o corpo esquartejado, foi encontrada enterrada em uma propriedade do município, que fica a cerca de 35 quilômetros de Santa Rosa.
Na casa e no carro de Scarantti foram encontrados vestígios, que agora serão confrontados com o material genético de Liziane. Na residência do casal, também já havia sido localizado pela polícia um colchão com marcas de sangue – o que reforçou a hipótese de que o crime tenha acontecido no local.
— Precisamos saber se essas amostram pertencem ao suposto agressor ou são compatíveis com o material genético da vítima. A perícia fará essa comparação. Antes disso, qualquer conclusão pode ser precipitada — afirma a delegada Josiane Froehlich, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Santa Rosa.
A expectativa é de que esses laudos sejam recebidos em cerca de 30 dias – assim como outras perícias que foram solicitadas. A polícia encaminhou para análise uma mala ensanguentada, encontrada na casa de Scarantti, carne congelada e um osso semelhante a um fêmur — há suspeita de que possam ser restos mortais da vítima que não foram localizados em Novo Machado.
A perícia irá realizar exame de DNA, confrontando com o material genético da própria jovem, para identificar se o material é humano. Esta etapa será realizada em Porto Alegre.
A investigação
Paralelo às perícias, a Polícia Civil está ouvindo depoimentos de familiares e de outras pessoas próximas ao casal e também analisando os celulares dos dois – os aparelhos foram apreendidos após Scarantti ser encontrado morto. O objetivo é tentar entender o que pode ter motivado o crime.
Um dia antes do último contato com familiares, na terça-feira (25), Liziane relatou a um familiar que não estava feliz no casamento. Essas informações ainda são apuradas pela investigação.
— É um crime que chocou a comunidade, porque houve a descoberta de dois fatos em sequência. A principal suspeita é de feminicídio (quando a mulher é assassinada em contexto de gênero), mas ainda estamos apurando todos esses fatores. É uma investigação complexa — afirma a delegada.
Segundo a polícia, não havia histórico de registro da vítima contra o companheiro por violência doméstica. O casal morava junto desde fevereiro – antes disso, Liziane vivia no município de Porto Mauá.
Na quarta-feira (26), a jovem disse à mãe que iria com o companheiro jantar com amigos e depois disso não fez mais contato. No dia seguinte, Scarantti foi encontrado morto, com um disparo de arma de fogo, dentro de casa. Na sexta-feira, ao comparecer ao velório do genro – sem conseguir contato com a filha –, a mãe da jovem descobriu que ela havia desaparecido.