A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta segunda-feira (6), uma operação para prender homens apontados em investigações como sendo responsáveis por roubos de veículos em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Foram cumpridos quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão. Ao todo, seis pessoas foram presas - três estavam com mandados de prisão temporária decretada pela Justiça.
O principal alvo da ação foi detido por volta das 6h30min no prédio onde morava, na Avenida Praia de Belas, na Capital. Segundo a Delegacia de Roubo de Veículos, o jovem, de 20 anos, havia criado um perfil falso em um aplicativo de transportes para solicitar corridas e, depois, assaltar os motoristas.
O histórico deste preso inclui crimes de alta violência. Em 2016, quando tinha apenas 15 anos, ele foi apreendido por suspeita de ter participado de um roubo em um bar que resultou na morte do policial militar José Antônio de Oliveira Garcia e do pizzaiolo Edison Felipe Vaz de Guimarães, ambos com 45 anos. O crime ocorreu na Avenida Protásio Alves.
Enquanto esteve na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), também esteve envolvido em crimes, segundo a Polícia Civil. Dois anos depois, em 2018, investigação aponta que ele teria participado de uma tentativa de homicídio contra outro interno da instituição. A vítima tomava banho quando foi surpreendida por diversos golpes com uma faca artesanal.
— Ele tem altíssima periculosidade. Admite ter atirado no policial militar em conversa informal com nossos policiais, alegando que foi sem querer — comentou o delegado Rafael Liedtke.
Atualmente, o jovem - que não teve o nome revelado - cumpria pena no semiaberto e usava tornozeleira eletrônica.
Vítima detalha crime
A investigação foi coordenada pelos delegados Rafael Liedtke e Marco Guns. Em março, policiais civis ouviram depoimentos de vítimas de roubo de veículos, que reconheceram por fotos os suspeitos presos nesta segunda-feira.
Uma das vítimas de roubo que teria sido cometido pelo jovem conversou com GaúchaZH nesta segunda-feira. Motorista de aplicativo, ele falou sob condição de anonimato, por questões de segurança. O homem, de 43 anos, detalhou como ocorreu o crime, no dia 29 de maio deste ano.
Era por volta de 12h30min quando o motorista teve o carro solicitado por meio de aplicativo. A corrida começou na Avenida Praia de Belas, próximo ao 9º Batalhão de Polícia Militar - próximo ao local em que o jovem foi preso nesta segunda-feira. A viagem tinha como destino o bairro Menino Deus.
O passageiro sentou atrás do banco do motorista e permaneceu em silêncio. O homem estava de máscara, usada em função da pandemia, o que impediu que a vítima tivesse uma visão clara de sua expressão.
Ao chegar próximo do local de desembarque, sem falar nada, o criminoso encostou uma faca no rosto do motorista. Com medo, a vítima desceu do Volkswagen Voyage e deixando junto celulares e dinheiro. Chegou a ameaçar o ladrão com um chute, mas o bandido o ameaçou dizendo que tinha uma arma na cintura e que a "escolha de morrer era dele".
— Nunca imaginei que eu ia pegar uma corrida com um bandido quase na frente de um batalhão da Brigada e em um bairro central. Foi um momento de muito medo — comentou a vítima.
Minutos depois, por meio da localização do celular, a vítima localizou seu carro estacionado em uma via próxima da Avenida Praia de Belas. O caso foi registrado em ocorrência que resultou na investigação da operação desta segunda.
A investigação
A apuração aponta que os criminosos agiam, na maioria das/ vezes, em duplas e se aproveitavam de um momento de distração das vítimas para executar o roubo, sempre mediante ameaça imposta pela arma de fogo.
Depois dos roubos, os carros tinham seus sinais identificadores (placas, numeração de vidros, chassi e motor) adulterados ou clonados e eram vendidos ou usados para outros crimes - como roubos de cargas.