A desarticulação de uma quadrilha especializada em extorquir e trocar drogas por armas no Litoral Sul é o último revés de uma série sofrida pelo crime organizado nos últimos tempos. Foram sete prisões. De 2018 para cá a Polícia Federal desarticulou um esquema de contrabando bilateral de maconha por armamento entre o Chuí (brasileiro) e Chuy (uruguaio), atuou contra traficantes e homicidas naquela região e, também, desencadeou na Fronteira Oeste a operação Velho Oeste, que combateu práticas semelhantes na região de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Só nessas ações foram 50 presos. Quem ressalta isso é o superintendente da PF no Rio Grande do Sul, delegado Alexandre Isbarrola, que, em entrevista a GaúchaZH, comentou essa linha de atuação:
A operação Highlander, desencadeada nesta quarta-feira (13) contra a quadrilha que atuava no Litoral Sul, chama a atenção porque os criminosos tinham articulação internacional de troca de drogas por armas. O que isso significa?
Significa que o crime organizado se estruturou, mas nós também. Eles agem, nós agimos para contê-los. As quadrilhas que atuam no Litoral Sul já tinham levado um baque no ano passado, com diversas prisões de traficantes e homicidas (inclusive uruguaios).
Eles são ligados à facções da Região Metropolitana?
Eles fazem negócios e ajudam a abastecer de armas a Região Metropolitana, mais especificamente uma facção oriunda do Vale do Sinos. A operação de hoje mostra que estamos contendo o avanço das facções para o Interior. São José do Norte estava com problema, Chuí também teve, nós atuamos. Na operação Velho Oeste (ocorrida em duas etapas, 2017 e 2018), atacamos a estrutura dos traficantes na Fronteira Oeste, costa do Rio Uruguai.
Semana passada foram condenados 29 presos pela operação Velho Oeste.
Sim, graças ao esforços de policiais federais e do Ministério Público Federal (MPF), com ajuda da Brigada Militar também em várias ocasiões. Tentamos impedir — e temos conseguido, em grande parte — que as facções metropolitanas avancem para o Interior. Elas se movem, mas nós também.
Só de tráfico?
Não. O episódio registrado em Cristal (tiroteio que resultou em três mortes nesse município da Metade Sul), apesar de não desejarmos as mortes, desarticulou um esquema responsável por grande parte das explosões de caixas-eletrônicos bancários no RS. Tanto que quase não tivemos mais episódios desse tipo de delito depois daquele confronto. Aquele bando era ligado a uma facção metropolitana. Atuamos de forma incisiva e os assaltos diminuíram.