
Depois de seis meses cruzando dados e percorrendo o rastro do dinheiro, a Polícia Civil desencadeou na manhã desta terça-feira (19) uma operação para atacar as finanças de uma organização criminosa que explorava jogos de azar no Vale do Paranhana há vários anos. Três integrantes da mesma família, pai e dois filhos, comandavam o esquema. A operação foi chamada de Cruz de Malta porque o principal líder é conhecido na região como “Portuga” .
Foram confiscados bens avaliados em cerca de R$ 6,7 milhões, como carros, imóveis e embarcações. Mais de 80 agentes cumpriram 45 ordens judiciais contra 22 investigados em Taquara, além de ações também em Canoas e em Tramandaí. Uma mulher foi presa em flagrante em Taquara por posse ilegal de munição de uso restrito.
A investigação é da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Segundo o delegado Marcus Viafore, que comandou o trabalho, os criminosos exploravam o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis para depois lavar dinheiro adquirindo bens ou depositando os valores em contas bancárias, tudo em nome de laranjas.
Foram identificadas contas bancárias no nome de 15 pessoas e em bancos diferentes. O grupo, inclusive, montou uma empresa de fachada na área de marketing para facilitar o desvio de dinheiro adquirido ilegalmente. Em relação aos bens, foram sequestrados judicialmente 13 automóveis, alguns de luxo e avaliados em R$ 695 mil, dois jet-skis avaliados em R$ 105 mil e dez imóveis, no valor total de R$ 5,8 milhões.
— Foi uma grande apuração e descobrimos que a maioria dos investigados ostentava poder aquisitivo e bens de luxo, totalmente incompatível com os rendimentos declarados — explica Viafore.
Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e 25 de sequestro judicial de bens. Entre os locais que foram alvo da ação, estão residências, empresa e escritório de advocacia e contabilidade. Uma das casas, no bairro Igara, em Canoas, é uma mansão e funcionava como fábrica de caça-níqueis. Máquinas foram apreendidas e o responsável foi conduzido para depor no Deic.
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