O rosto se retrai e as lágrimas não exitam em correr pela face de Gislaine Souza da Costa, 75 anos. Com camiseta branca e com palavras de luto, a idosa ia à frente da marcha em direção à lápide onde foi enterrado nesta quinta-feira (29) o marido Antonio Vilmar Souza da Costa, 69 anos, no Cemitério Jardim da Paz, zona leste de Porto Alegre.
O casal estava junto há 42 anos, mas o relacionamento terminou de forma súbita. Na noite de última terça-feira (27), o idoso foi até um mercado comprar uma lâmpada quando ficou em meio ao fogo cruzado de criminosos. Diversos moradores e clientes correram para se abrigar, mas Costa acabou baleado. Foi ainda levado ao hospital, mas morreu em atendimento médico.
"Meu véio, meu heroi" — estampava o verso da camiseta.
Antes do enterro, um pastor foi chamado para fazer as últimas orações para Costa. A família era bastante religiosa, tanto que no dia da morte a esposa estava em um culto. Durante o sepultamento, amigos e familiares lamentaram a morte repentina.
— Foi muita crueldade o que aconteceu com ele — relata a sobrinha Marcia Czerwynske da Costa.
Costa foi um dos primeiros a se mudar para o Morro da Embratel, na zona sul da cidade. Vizinho do idoso, José Luis Bitencourt, se criou com ele. Entre as lembranças, estavam as brincadeiras da época de criança e adolescente.
—Era uma ótima pessoa — comenta o aposentado.
Na saída do local do sepultamento, a viúva de Costa estava bastante abalada. Enquanto uma das mãos carregava uma bengala, a outra segurava um lenço vermelho e uma garrafa de água. No caminho até a entrada do cemitério, era consolada por familiares enquanto chorava discretamente.
A pedido da família, GaúchaZH acompanhou o enterro à distância.