Policiais do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) confirmaram uma suspeita originada nas mais de 20 mil conversas de traficantes interceptadas pela Operação Dama da Noite, deflagrada na manhã desta sexta-feira (30): a de que moradores não ligados ao crime foram expulsos por traficantes na Vila Maria da Conceição, em Porto Alegre.
De 25 residências alvos de busca pelos policiais nesta sexta, oito estavam abandonadas. Os donos tinham sido expulsos e os traficantes que as ocuparam fugiram com a aproximação dos agentes.
Segundo a polícia, dois eram os objetivos dos criminosos: em alguns casos, as casas foram transformadas em bunker do tráfico; em outros, foram alugadas para terceiros – sem qualquer licença dos legítimos donos.
O delegado Thiago Lacerda, que conduziu as investigações da Operação Dama da Noite, diz que, com a morte do traficante João Carlos Trindade, o Colete, todos os ligados a ele saíram da vila para não serem objeto de represália. E suas casas foram ocupadas pelos desafetos.
Agendas apreendidas com traficantes mostram a contabilidade da venda de drogas. Um tijolo de maconha, que custa R$ 400, era revendido em pequenas porções por R$ 2,2 mil – lucro de R$ 1,8 mil, ressalta o delegado. A cocaína de R$ 17 mil era vendida por R$ 28 mil (lucro de R$ 11 mil).
O delegado Mário Souza, diretor do Denarc, ressalta que apenas com a união de policiais civis e militares foi possível realizar o "congelamento" dos alvos, com o bloqueio das áreas a serem revistadas. A BM também ajudou com monitoramento dos criminosos por parte do serviço reservado (a PM2).
Pelo menos 14 suspeitos de crimes foram presos até o meio da manhã desta sexta-feira (30). O chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da BM, tenente-coronel André Córdova, resume:
— Nessa hora somos uma só força, contra o crime. Não existe local onde a BM e a PC não consigam entrar no RS. Juntas criamos a sensação de receio ainda maior aos criminosos. As pessoas de bem não tem o que temer.