O reforço no policiamento dos últimos meses e o início das transferências de líderes de facções criminosas são apontados pelas autoridades como fatores preponderantes para que os principais índices de criminalidade em Porto Alegre tenham apresentado redução ou estabilização nos primeiros seis meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado.
A consequência da priorização é vista na relação entre os dados criminais da Capital e do Estado inteiro, a partir dos números da criminalidade divulgados nesta quarta-feira (2) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Se em 2016, 27,2% dos homicídios registrados na primeira metade do ano no RS aconteceram em Porto Alegre, esse índice reduziu para 22,9% em 2017 (leia quadro abaixo). A redução é maior ainda se considerados os latrocínios (roubos com morte). Um quarto dos casos do primeiro semestre de 2016 aconteceram na Capital. No mesmo período de 2017, foram 13,8%.
– Com o reforço de PMs do Interior a partir de março, o objetivo principal de combater homicídios e latrocínios teve resultados positivos – diz o subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda.
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Para o chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt, os números são resultado da qualificação nas investigações, e a busca pelas prisões dos autores de homicídios.
– Houve um aumento de 8% no índice de prisões da Polícia Civil no primeiro semestre. E constatamos que 80% dos presos por homicídios realmente ficam presos – explica.
Partiu da Capital também o primeiro passo na iniciativa de afastar lideranças de facções criminosas e, com isso, inibir os crimes relacionados com a guerra do tráfico. No começo do ano, duas lideranças foram enviadas a penitenciárias federais. O resultado, segundo Wendt, se tornou concreto a partir dos dois últimos meses do semestre. Entre maio e junho de 2017, foram registrados 63 homicídios na Capital. Nos mesmos dois meses de 2016, foram 103 casos. Uma redução de 38,3%.
Quando são analisados os casos de roubos de veículos, Porto Alegre responde por quase metade (47,16%) dos casos no Rio Grande do Sul entre janeiro e junho de 2017. Houve pequena redução em relação aos 48,16% do ano anterior. Algo que, para a Polícia Civil, já é visto como positivo.
– Conseguimos estabilizar o índice de roubos de veículos. Estamos focados na investigação de quadrilhas como forma de reforçar a eficiência do trabalho de resolução dos crimes – diz Emerson Wendt.
Segundo o delegado, apenas 33% dos criminosos relacionados a roubos de veículos ficam presos após um flagrante.
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A partir dos resultados do semestre em Porto Alegre, o desafio, admite o chefe de Polícia, é multiplicar a estratégia para o Interior.
– Nosso planejamento, nas próximas turmas de novos agentes, é direcioná-los às delegacias especializadas em homicídios, nos municípios onde tivemos registros de alta desse tipo de crime. Também esperamos que a recente transferência de lideranças do crime para presídios federais surta efeito – comenta.
Na lista de presos transferidos na Operação Pulso Firme, ocorrida na última sexta-feira (28), há diversos criminosos apontados como lideranças de fora da Região Metropolitana, sobretudo da Região Sul.
– No Interior, tivemos a experiência da transferência de líderes de Caxias do Sul para cadeias aqui mesmo do Estado, e os homicídios reduziram. Claro que o resultado não é imediato, mas já vimos que funciona – aponta o chefe de polícia.