A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) apresentou, nesta quinta-feira (17), a sexta versão para justificar um erro em dados estatísticos sobre homicídios no Rio Grande do Sul. A suposta supressão de mortos dos dados oficiais foi questionada pela deputada Stela Farias (PT), na última terça-feira (15). Nesta quinta, o coordenador do Observatório Estadual da Segurança Pública, major Noberto Donato, explicou que o erro se deu porque foram somados casos de homicídios culposos de trânsito além dos dolosos de trânsito, gerando a diferença.
– Quando fomos coletar os dados, por um equívoco, puxamos os casos culposos de trânsito junto – alega o coordenador.
Com a falha, o governo gerou dúvida sobre a confiabilidade dos dados. Nos números dos Indicadores Criminais, que atendem à exigência da Secretaria Nacional da Segurança Pública, o ano de 2016 teve 2.608 ocorrências de homicídios dolosos, além de outros 19 casos de homicídios dolosos no trânsito. Por outro lado, os dados divulgados em atendimento às leis Postal/Stela – também constantes no site da SSP – mostravam que foram registradas 3.197 ocorrências de homicídios dolosos e de trânsito em 2016. Ao final, o último número foi corrigido para 2.685 – diferença considerada aceitável pelo governo (veja mais detalhes das diferentes versões da SSP em quadro abaixo).
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Diante da situação, o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, avalia que há o risco de os dados caírem em descrédito.
– Tantas retificações podem indicar problemas de registro e coleta de dados. Mas, para evitar dúvidas, o importante é que o governo aja com a máxima transparência e revele as razões pelas quais as retificações foram necessárias. Credibilidade está intimamente associada com transparência e rigor metodológico – analisa o especialista.
"Transparência mobiliza a sociedade", avalia sociólogo
Para o sociólogo Túlio Kahn, também integrante do Fórum de Segurança Pública e um dos maiores especialistas em análise criminal do país, a divulgação detalhada do número de vítimas de homicídios, com os locais exatos onde os crimes aconteceram e as características das vítimas, é fundamental para mobilizar forças sociais em qualquer tentativa de reversão da violência.
– Quando esses dados apareceram, a população sabe, concretamente, o tamanho da disparidade da violência. A transparência proporciona isso.