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O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) usado para o transporte de 27 detentos na Operação Pulso Firme na manhã desta sexta-feira (28) é da velha guarda da aviação. Produzido desde 1954 pela empresa norte-americana Lockheed, o Hércules C-130 é um ícone da aviação militar. Visto como versátil, o modelo é apto para operações militares e humanitárias, transporte simples de passageiros e transferência de cargas.
Por ser versátil, a FAB usa o Hércules C-130 para missões de lançamento de cargas e paraquedistas, reabastecimento em voo, busca e salvamento, combate a incêndios e o transporte de tropas. O modelo também é usado na missão brasileira na Antártica e em missões de ajuda humanitária.
Ao contrário de aviões comerciais, o modelo usado na Pulso Firme não é comprido, mas mais largo (a envergadura das asas, de 40 metros, é 33% superior ao comprimento). Em vez de três poltronas situadas lado a lado, cortadas por um corredor pequeno e comprido, como na maioria dos aviões comerciais, o Hércules C-130 tem um amplo espaço interno, para estar adequado a todo tipo de operação – seja o transporte de pessoas, seja o de cargas. Não há porão, como em aeronaves comerciais, apenas um "andar".
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Aliás, não há poltronas, mas bancos laterais de lona, dispostos ao longo das paredes internas do avião. Para viagens de transporte de pessoas, cada passageiro senta de costas para a fuselagem e de frente para o outro lado do avião, como esquadrões de paraquedistas. Se a viagem é para transporte de cargas, os bancos são levantados e acoplados às paredes internas, para dar lugar à carga.
– É um "Fuscão" velho que serve para tudo. O apelido dele é "gordo" na FAB. Ele se tornou um padrão internacional para o transporte militar, pode levar jipes, caminhão, suprimentos, paraquedistas – exemplifica Nelson Düring, analista militar e editor do site defesa.net.
Conhecedor do uso de aviões militares, Düring afirma que os presos devem ter sentado nos bancos de lona e algemados a um gancho preso à parede da aeronave. Ao lado, teriam sentado os agentes responsáveis pela guarda – a Secretaria de Segurança Pública do RS (SSP) não quis revelar quantos estão envolvidos. Ganchos, aliás, estão dispostos também no chão e no piso do deck de cargas, para prender grandes volumes que não podem se mover durante o voo.
A aeronave voa a baixa altitude, entre 6 mil e 8 mil metros (voos comerciais trafegam por volta de 11 mil metros). Por conta disso, não há sistema de pressurização para adequar a pressão interna da aeronave à pressão atmosférica no exterior e, consequentemente, o ambiente é bastante gelado. Para barrar o frio, as paredes são forradas. Por fora, a cor é verde-militar e por dentro, um tom metálico toma a estrutura.
– É um avião rústico de transporte militar que pode pousar em qualquer lugar. Ele é bastante versátil, serve desde para o Mais Médicos, para as tropas da Força Nacional de Segurança, para levar militares ao Haiti e, como hoje, para o transporte de presos – acrescenta Düring.
Preparado para qualquer situação, o modelo não precisa de aeroportos com infraestrutura perfeita para aterrissagem. O Hércules C-130 pode pousar no deserto, na grama, em estradas e no gelo da Antártica.
A FAB em breve deve substituir o modelo pelo KC-390 (foto abaixo), fabricado aqui mesmo no Brasil, pela Embraer. Trata-se do maior avião já desenvolvido no país.
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