Impressões digitais encontradas em um Onix branco ajudaram a Polícia Civil a identificar o homem suspeito de participar do tiroteio que matou Leila Vieira Fortuna, 35 anos, assassinada em uma parada de ônibus do bairro Mathias Velho, em Canoas, no dia 4 abril. Segundo o delegado Luís Antônio Firmino, o veículo foi utilizado por, no mínimo, três criminosos que atiravam contra um Voyage prata durante perseguição pela Rua Dona Maria Isabel.
Os disparos acertaram a mulher no peito quando esperava o ônibus na Avenida Florianópolis. Ela chegou a ser levada ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas, mas não resistiu. O Onix foi encontrado no dia seguinte, abandonado no bairro Rio Branco, também em Canoas. Usando um teste conhecido como cianoacrilato (com o uso de luz ultravioleta), o Instituto-Geral de Perícia mapeou marcas deixadas no veículo.
Com prisão temporária decretada há cerca de 10 dias, o setor de investigação passou a monitorar o suspeito e descobriu que ele estava morando com a mãe no bairro Mathias Velho. Na segunda-feira, a polícia foi à residência, mas não o encontrou. A intimação para que se apresentasse à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi deixada com a mãe. Na terça-feira, acompanhado do seu advogado, o suspeito se apresentou e foi preso temporariamente. Ao delegado, alegou que estava na casa da namorada no dia do crime e que as suas impressões digitais no veículo podem ser em razão do uso frequente de transportes alternativos, chamado pelo suspeito de "táxi-pirata da vila".
– Esses argumentos não se sustentam. O carro em que estão as impressões digitais havia sido roubado um dia antes em Porto Alegre e o seu dono não presta esse tipo de serviço – contrapôs o delegado.
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Natural de Canoas, o suspeito tem em sua ficha criminal passagens pela polícia por tráfico de drogas, ameaça, lesão corporal, posse de drogas e porte de arma.
– Não tenho como afirmar ainda se foi ele quem atirou. As investigações seguem, pois havia no carro pelo menos mais duas pessoas – comentou Firmino.
O alvo dos criminosos, ocupante do Voyage prata, era um homem de 40 anos, que saía de casa no bairro Harmonia acompanhado pelo filho, de 17 anos. Diante da iminência da instalação de um ponto de tráfico de drogas, ele teria dito aos traficantes que não aceitaria. Portanto, segundo a apuração, trata-se de uma tentativa de execução encomendada por uma facção criminosa. Eles foram perseguidos até a Avenida Florianópolis, sob tiros. A polícia contabilizou mais de 40 disparos feitos contra os alvos, que chegaram a ser socorridos ao hospital.
– Certamente foi uma retaliação – afirmou o delegado.
Leila, que não tinha nenhuma relação com aquele acerto de contas, era baiana e estava em Canoas há quatro anos. Ela veio de Salvador para o Rio Grande do Sul acompanhada do marido, porque ele teve uma oportunidade para trabalhar de pintor. Naquela manhã, iria de ônibus até o INSS agilizar a liberação do seguro-desemprego. Com o recurso, planejava viajar a Salvador para visitar os familiares.
Depois de ter trabalhado como auxiliar de serviços gerais em uma universidade no centro de Canoas, ela trabalhava como manicure em casa. Leila havia chegado a Canoas três meses depois do companheiro e logo partiu em busca de um emprego. O companheiro também estava desempregado.