A polícia já conta com foto e o nome de William, com sobrenome ainda não revelado pelos investigadores, o homem que contratou o voo de helicóptero da empresa Tri Táxi Aéreo, em Canela, na Serra, na manhã de sábado, e que acabaria roubado. A aeronave do modelo Bell Jet Ranger foi contratada por R$ 5 mil – valor 10 vezes maior do que uma hora de voo comercial de helicóptero –, pagos em dinheiro no momento em que o contratante se apresentou à empresa para o embarque.
– Em nenhum momento desconfiamos do que aconteceria. Ele nos procurou por telefone, mantivemos contatos também por WhatsApp durante alguns dias e, no sábado, ele se apresentou para o embarque 30 minutos antes para conferência dos documentos, o pagamento e um briefing do que seria o voo. Durante esse tempo de contato, nunca nos fez nenhuma pergunta técnica ou algo fora do padrão que já estamos acostumados – explica o proprietário da empresa, Tiago Esmeraldino.
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Segundo ele, William teria explicado que se tratava de um passeio especial. Contratou o helicóptero para voar de Canela até Triunfo, onde pousariam em uma propriedade rural e fariam um sobrevoo na área. Era o presente de 30 anos de casamento aos pais do cliente.
– Estava bem dentro do nosso perfil. Fazemos os voos como forma de proporcionar a experiência aos clientes. Nesse caso, ele explicou que os pais estavam receosos, que nunca tinham voado e ele queria dar esse presente especial a eles – recorda o empresário.
O voo partiu às 11h de Canela. Conforme os registros do rastreador da aeronave, pousou em Triunfo às 11h30min. A empresa só desconfiou de que algo pudesse ter acontecido por volta das 13h30min, quando outros clientes já chegavam para fazer os tradicionais passeios turísticos na Serra.
– O nosso piloto já deveria ter voltado, então tentamos algumas ligações para ele, mas não atendia. Pouco mais de 10 minutos depois, ele nos ligou e relatou tudo o que tinha acontecido. À essa altura, já haviam libertado ele em Porto Alegre – conta Tiago Esmeraldino.
O assalto, conforme o empresário, só teria sido anunciado quando a aeronave pousou em Triunfo. Aí, depois de rendido o piloto, pelo menos um homem, que os investigadores da Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), suspeitam que também fosse piloto, teria feito diversas perguntas técnicas sobre a capacidade de voo, de carga e de comunicações do helicóptero. Provavelmente para não despertar a desconfiança, depois desse pouso, os criminosos fizeram um sobrevoo na propriedade rural onde, horas depois, a Brigada Militar recuperou o helicóptero.
No pátio da empresa de táxi aéreo, a polícia recolheu o Hyundai ix35 que foi usado pelo contratante do voo. O veículo será submetido a perícia. Há suspeita de que seja um carro clonado.
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Eduardo Torres
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