O aumento do número de assassinatos em Porto Alegre, nos últimos anos, coincide com a redução do efetivo da Brigada Militar na Capital. É o que revela um levantamento da Secretaria da Segurança Pública obtidos pelos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho. O estudo, até então mantido em sigilo, sugere que cada vez que cresce o número de policiais nas ruas cai o de assassinatos (homicídios e latrocínios). Em contrapartida, quando reduzem as patrulhas, crescem as mortes. Os números são do período entre 2004 e 2016 (confira o gráfico abaixo).
Nesses 13 anos do levantamento, o efetivo da Brigada Militar em Porto Alegre caiu em nove momentos de um ano para outro. Nestes, em sete houve aumento de mortes causadas por uso de armas de fogo. Da mesma forma, em três vezes, a ampliação do número de PMs foi acompanhada pela queda nas ocorrências de homicídios e latrocínios. Em apenas duas, ambos caíram.
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O período mais crítico do estudo foi ano passado. Em 2016, o efetivo da BM em Porto Alegre chegou a seu número mais baixo, com 1.879 policiais, e os assassinatos, ao mais alto: 802. Ainda não há dados oficiais da secretaria para 2017. Porém, o levantamento de homicídios e latrocínios feito pela editoria de Segurança de ZH e DG aponta que o mês de janeiro foi o mais violento dos últimos sete anos em 19 municípios monitorados na Região Metropolitana, com 200 homicídios. Da mesma forma, foi observado um salto nos casos de latrocínio: são pelo menos 20 na Região Metropolitana.
Os dados ilustram a importância da Operação Avante 2017, que será lançada nesta quarta-feira, às 9h30min, no Parque Marinha do Brasil, pelo governador José Ivo Sartori e pelo secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer. Na oportunidade, serão apresentados os 400 PMs vindos do Interior que reforçarão o policiamento junto 200 agentes da Força Nacional. Na cerimônia, serão entregues ao efetivo 200 escopetas calibre 12 e 40 fuzis 5.56.
A redução dos indicativos de criminalidade na Região Metropolitana, principalmente os casos de homicídio e latrocínio, é a principal expectativa da Secretaria de Segurança Pública, através da Brigada Militar, de acordo com o subcomandante da corporação, coronel Mario Ikeda.
– Esse é o objetivo: a redução dos indicadores de criminalidade – resumiu o oficial.
Para o sociólogo e especialista em segurança pública Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, há motivos para a população ter a esperança na queda da violência.
– Diante da precariedade e queda de efetivo da Brigada Militar nos últimos anos, o reforço para a Região Metropolitana pode sim ajudar a reduzir o número de assassinatos. A presença de mais policiais nas ruas pode inibir a criminalidade, dificultando a ação de grupos responsáveis pela maior parte dos homicídios. Principalmente com o controle de circulação de armamento. Pode contribuir junto com a investigação criminal que resulte na prisão de autores destes crimes.
Imagens do reforço de 350 PMs à Capital apresentado na manhã desta quarta-feira.