Considerado um maiores narcotraficantes da América do Sul e herdeiro de Fernandinho Beira-Mar, Jarvis Chimenes Pavão foi o principal alvo de uma operação da Polícia Federal nesta sexta-feira por envolvimento com a venda de drogas para o Rio Grande do Sul. Brasileiro de Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul localizada na fronteira com o Paraguai e uma das principais rotas de tráfico para o Brasil, Pavão já está preso e teve a preventiva decretada pela Justiça brasileira nesta sexta-feira.
Até julho deste ano, Pavão cumpria a pena de oito anos de prisão por tráfico de drogas em cela de luxo na prisão Tacumbú, em Assunção, uma das mais lotadas do país vizinho. Três suítes, uma cama confortável, TV de plasma e até uma biblioteca com a coleção em DVD da série sobre o narcotraficante Pablo Escobar. Aliás, a comparação com o colombiano é recorrente.
– Jarvis tinha um "presídio dele", mandava em todo mundo lá, manda matar inimigos e continua comandando o tráfico mesmo preso, isso lembra muito o Pablo Escobar – avaliou o delegado da Polícia Federal em Porto Alegre e responsável pela Operação Argus, Roger Soares Cardoso.
Ainda conforme o policial, era o chefe do tráfico na fronteira Brasil-Paraguai quem vendia a droga para o empresário que mantinha uma transportadora de fachada em Porto Alegre e subcontratava caminhoneiros para trazer cocaína para o RS. Transportados em fundo falso de caminhões, cerca de 400 quilos de cocaína chegam por mês até sítios no interior de Viamão. De lá, uma facção criminosa levava em porções de até 40 quilos a droga até os vales do Taquari e do Sinos.
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Com a prisão preventiva desta sexta-feira, caso condenado novamente, a pena de Pavão deve ser aumentada, além de reforçar a luta da polícia brasileira para trazê-lo de volta para o país. Ele já havia sido condenado no Brasil a 17 anos de cadeia por lavagem de dinheiro, mas fugiu para o país vizinho, onde foi detido em 2009. O Paraguai resiste em extraditá-lo. Enquanto a PF tem interesse em interrogá-lo para a apurar série de crimes como lavagem de dinheiro, associação ao tráfico, roubos e clonagens de veículos e até assassinatos.
A descoberta de uma bomba de explosivos plásticos no muro da prisão Tacumbú em julho não só revelou que o artefato seria usado supostamente para uma fuga cinematográfica, mas que Pavão morava havia sete anos em uma cela com todas as comodidades e protegido pela cumplicidade comprada de altos funcionários.
O brasileiro então foi transferido para uma unidade de segurança máxima, segundo autoridades paraguaias, que passaram a investigar como Pavão teve acesso às instalações privilegiadas.
O começo da "carreira" e a parceria com as Farc
De Ponta Porã, Jarvis Chimenes Pavão mudou-se para Santa Catarina nos anos 1990 e instalou-se em Balneário Camboriú, onde passou a atuar no comércio de veículos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Depois de chegar a cumprir pena em SC, Pavão passou a ser considerado como um dos principais traficantes do Estado. Com prisão novamente decretada, fugiu pela mesma rota de onde mandava vir a droga: o Paraguai.
Assim como Fernandinho Beira-Mar, escolheu viver em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã e conhecida como o paraíso da maconha por abastecer bocas de fumo das cidades do Sul e Sudeste do país. Por essa região também passa a cocaína produzida no Peru, Colômbia e Bolívia em direção ao Brasil.
Lá, criou empresa de importação e exportação de cervejas de fachada e teria feito parceria com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no esquema de troca de armas por cocaína.
*com informações do Diário Catarinense e da AFP