O Palácio Piratini tem o potencial de liberar até 400 PMs para o policiamento ostensivo com o desembarque da Força Nacional no Estado. Trata-se de homens que atuam na guarda de presídios gaúchos e que devem ser substituídos pelos servidores deslocados pelo governo federal.
A projeção foi feita pelo secretário-chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, antes que houvesse a confirmação do envio do reforço. No final da manhã, o governador José Ivo Sartori informou que cerca de 150 homens da Força Nacional devem ser deslocados para o Estado. Os primeiros 120 virão do Rio de Janeiro em 30 viaturas e têm chegada prevista para domingo no Rio Grande do Sul.
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– É a maneira mais inteligente de utilizar esse contingente externo, que é temporário. Se tivermos o pedido atendido, temos o potencial de realocar para as ruas 400 brigadianos que hoje fazem a guarda dos presídios. No período em que a Força ficar no Estado, também estaremos colhendo os resultados dos cursos (de formação de PMs) que foram autorizados e que serão chamados e começarão a trabalhar. É uma conjugação entre a característica da Força, a temporariedade, com a nossa necessidade. Se o nosso pedido for atendido, o potencial é uma resposta rápida, pública e efetiva na segurança – disse Biolchi.
O secretário integra o gabinete de crise instalado na noite de quinta-feira pelo governo, depois de mais um caso de assalto com morte em Porto Alegre. Sob a coordenação do vice-governador José Paulo Cairoli, o grupo reuniu-se pela primeira vez na manhã desta sexta-feira na tentativa de encontrar soluções para estancar o avanço da criminalidade.
– Não estamos satisfeitos com a situação como está. Temos de reconhecer que não está bem – admitiu Cairoli.
Depois da exoneração de Wantuir Jacini, o vice assumiu a cúpula da segurança pública no Estado por meio do comando do gabinete. Ele deve se manter na posição ao menos pelas próximas semanas, uma vez que o Piratini não deve anunciar um novo titular para a pasta antes de um mês.
– Evidente que nem conversamos sobre possíveis candidatos a secretário da Segurança. Estamos, hoje, em um momento maior para resolver uma situação, o que será feito com as mesmas pessoas que trabalham nesse processo – destacou.
Durante uma fala de mais de meia hora à imprensa, Cairoli reforçou as dificuldades enfrentadas em função da crise financeira nas finanças estaduais. O vice não anunciou medidas práticas para o combate à violência, mas afirmou que os prefeitos das 18 cidades que concentram 85% dos crimes – entre elas, Porto Alegre – serão procurados para que discutam soluções.
O gabinete estuda antecipar a segunda fase do Plano Estratégico da Segurança Pública – anteriormente, prevista para ser lançada em janeiro de 2017 – e a convocação de novos PMs aprovados em concurso. O Piratini também deve reforçar a cobrança de repasse de verba pelo governo federal.