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A Polícia Civil cumpriu, nesta sexta-feira (15), onze mandados de prisão contra integrantes da empresa de segurança Nasf, que atuava em Pelotas e Capão do Leão. A quadrilha foi desarticulada em abril deste ano, após operação do Ministério Público. A Operação Braço Forte apurou que os envolvidos cometeram crimes de tortura, formação de milícia armada, lesões corporais e dano a patrimônio de terceiros
Todos os detidos nesta sexta já haviam sido presos no dia da operação. Eles foram liberados, mas o Ministério Público entrou com recurso pedindo nova prisão preventiva, que foi concedida pelo Tribunal de Justiça. Entre os presos está o tenente Nelson Antonio da Silva Fernandes, militar reformado proprietário da empresa.
Também foram presos Wagner Nicoletti Fernandes, Mauro Fernando Silveira Silva, José Edson Rangel de Medeiros, Silvio Luis Soares Vargas, Elizeu Valdemir Bueno, Rafael Aires Vieira, Gerson Roberto Peixoto Garcia, Eduardo Felipe Faustim de Medeiros, Carlos Henrique Barros Guimarães e Everton Marques Porto.
A investigação descobriu que o esquema comandado pelo tenente Nelson e pelo filho chega a arrecadar R$ 500 mil por mês. São cerca de 5 mil clientes atendidos.
Interceptações telefônicas comprovam a existência de milícia. O contrato com os funcionários é informal, mas conforme a abrangência, cada vigilante pode receber mensalmente mais de R$ 10 mil. De acordo com a polícia, o tenente Nelson tem treze antecedentes criminais, inclusive homicídio.
Entenda o caso
O Ministério Público Estadual realizou no dia 5 de abril a Operação "Braço Forte" na Zona Sul do Estado. Dezesseis pessoas foram presas, 21 veículos apreendidos, além de armas de fogo, armas brancas, porretes, algemas, celulares e computadores. O esquema era comandado pelos envolvidos com a empresa de segurança Nasf, que atua em municípios da Zona Sul.
O nome da operação foi dado porque o slogan da Nasf é "O braço forte da comunidade". Entre os presos, estavam o tenente da reserva Nelson Antônio da Silva Fernandes, dono da empresa, um sargento da ativa, dois integrantes do Exército e o comandante da Brigada Militar em Pelotas. Não havia mandado de prisão para o tenente-coronel André Luís Pithan, mas ele foi preso por posse ilegal de arma de fogo.
De acordo com o MP, sob o pretexto de impor respeito às residências e estabelecimentos comerciais que tinham a placa da empresa afixada, os integrantes da Nasf sequestravam, agrediam e torturavam suspeitos de crimes contra essas propriedades.
"Essa organização não pode ser tida como empresa de segurança, mas sim uma verdadeira milícia, que vinha usurpando aquilo que é função essencial do Estado, fazendo trabalho de polícia, acusação e julgamento", disse o promotor Reginaldo Freitas da Silva durante a operação.
O alvará de funcionamento da empresa de segurança foi suspenso pela Brigada Militar.