O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira que a abordagem dos agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que resultou na morte de um menino de 11 anos, durante perseguição na Cidade Tiradentes, na zona leste da capital paulista, no sábado, foi equivocada.
– Eu conversei longamente com o comandante da guarda (inspetor Gilson Menezes) e com o secretário de Segurança Urbana (Benedito Domingos Mariano), e os dois entendem que a abordagem foi equivocada. Não se justificava, talvez, a perseguição, e muito menos os disparos – comentou em entrevista à Rádio Estadão.
– Muitas vezes as pessoas entendem que a segurança pública, que é do espaço público, é uma atribuição da guarda, não é. Essa é a razão pela qual eu estou questionando a ação da Guarda Civil Metropolitana neste fim de semana na Cidade Tiradentes, onde houve morte de um menino de 12 anos – declarou Haddad.
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– A abordagem não deveria ser essa. Não estou pré-julgando o guarda, mas, pelas primeiras investigações, você nota que a abordagem não segue o protocolo de uma Guarda Civil. É muito mais afeita à Polícia Militar do que propriamente à Guarda Civil – emendou.
O guarda responsável pelos disparos, Caio Muratori, foi autuado em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), pagou fiança e responderá as acusações em liberdade. É o segundo caso envolvendo perseguição e morte de uma criança neste mês na capital paulista.
Três guardas participaram da ocorrência. À Polícia Civil, eles afirmaram que foram avisados por dois homens em uma moto que um grupo de ladrões em um Chevette prata havia acabado de roubá-los. Os GCMs não anotaram os dados das vítimas, mas passaram a patrulhar a região para localizar os criminosos.
Os guardas logo localizaram o carro suspeito, que não teria obedecido à ordem de parada e, por isso, iniciou-se uma perseguição. Conforme relataram posteriormente aos investigadores do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), os ocupantes do carro teriam atirado contra eles.
Por isso, Muratori atirou quatro vezes na direção do Chevette. Os tiros acertaram o vidro traseiro e um dos pneus. O carro dos ladrões parou na Rua Regresso Feliz, onde ocorria uma quermesse. Dois ocupantes desceram correndo. Mesmo perseguidos pelos guardas, eles conseguiram fugir.
Um policial militar aposentado que mora na frente do local onde os foragidos abandonaram o carro notou que uma criança estava no veículo ferida. O menino de 11 anos foi levado a um pronto-socorro da região, onde morreu.